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Juros futuros fecham perto da estabilidade em pregão de liquidez baixa

27/01/2015 18h00

O mercado de juros futuros da BM&F trabalhou em ritmo lento nesta terça-feira. Afora uma alta pela manhã, quando o dólar esboçou se aproximar de R$ 2,60, as taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) giraram o resto da sessão próximas à estabilidade. Segundo operadores, a apreciação do real e a queda do retorno dos Treasuries, após dados fracos da produção industrial nos EUA, tiraram o fôlego das taxas.

Analistas destacam que calmaria ao longo da tarde e a liquidez muito reduzida sugerem um mercado sem apetite para formação de novas posições. Além do retraimento do volume lá fora, por conta da nevasca em Nova York, e da expectativa pelo comunicado do Federal Reserve (Fed, o Banco Central americano) amanhã, fatores internos contribuíram para manter os investidores na defensiva.

Mais líquido do pregão (cerca de 132 mil contratos negociados), DI janeiro/2017 gira a 12,33% (ante 12,36% ontem). Na ponta longa, DI janeiro/2021 sobe um degrau, passando de 11,67% para 11,69%. Entre os contratos ligados ao rumo da Selic neste ano, DI abril/2015 vai de 12,27% para 12,275%, e DI janeiro/2016, de 12,69% para 12,68%.

O mercado trabalhou hoje à espera do encontro da presidente Dilma Rousseff, às 16h, na Granja do Torto, com os 39 ministros nomeados para o segundo mandato. Espera-se que Dilma, retraída desde a cerimônia de posse, deixe claro que a equipe econômica tem carta branca para conduzir o ajuste fiscal, o que passa necessariamente por retração dos gastos públicos.

Operadores afirmam que provocou certo desconforto no mercado a notícia, veiculada hoje pelo jornal "Folha de S. Paulo", de que o governo, sob pressão de centrais sindicais, já admite que pode voltar atrás nas alterações propostas nas regras para obtenção do seguro-desemprego.

O cumprimento da meta de superávit primário de 1,2% do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano é central no trabalho de reconquista da confiança dos agentes e de ancoragem das expectativas de inflação. No Fórum Econômico Mundial em Davos (Suíça) na semana passada, o presidente do Banco Central (BC), Alexandre Tombini, reiterou que as política fiscal e monetária são independentes, mas ressaltou que um quadro fiscal mais apertado "ajuda a colocar a inflação no centro da meta".

Não por acaso, espera-se que a ata do Copom, que sai na quinta-feira, mencione o "deslocamento da política fiscal para o campo contracionista". Em Davos, Tombini também disse que a inflação ficará "bastante alta" no curto prazo, mas que já se vê um recuo das expectativas para os próximos anos, até 2019, o que não se observava há muito tempo.

Não bastassem as dúvidas domésticas, há as incertezas sobre o início - e a magnitude - da alta de juros nos EUA, sobretudo após o Banco Central Europeu (BCE) embarcar num afrouxamento quantitativo. A expectativa é que o Federal Reserve afirme em seu comunicado de política monetária desta quarta (28) que será paciente na condução do processo de normalização da política monetária.