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Balanço da Petrobras reforça incerteza sobre economia e afeta Bovespa

28/01/2015 17h50

A quarta-feira foi negativa para a Bovespa, com investidores decepcionados com o fato de a Petrobras não ter realizado as tão aguardadas baixas contábeis em seu balanço do terceiro trimestre referentes às perdas com a corrupção investigada na Operação Lava-jato da Polícia Federal.

Outros setores, como o bancário e o de construção também registraram perdas significativas, em um dia marcado pelas preocupações sobre os possíveis impactos que a crise na estatal e os eventuais racionamentos de água e energia poderão ter na atividade econômica brasileira.

A decisão de política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), anunciada às 17h (de Brasília), exatamente no fim do pregão da Bovespa, pouco influenciou no comportamento dos ativos brasileiros. A autoridade monetária dos Estados Unidos manteve sua promessa de ser "paciente" na hora de elevar os juros e melhorou sua avaliação da economia e do mercado de trabalho, porém disse que espera um declínio adicional da inflação em função da queda do preço do petróleo.

O Ibovespa fechou em baixa de 1,85%, aos 47.694 pontos, depois de registrar mínima nos 47.550 (-2,14%). Petrobras PN (-11,20%, a R$ 9,03) e ON (-10,47%, a R$ 8,63) lideraram a lista de baixas do índice e concentraram o volume financeiro, com R$ 955 milhões (PN) e R$ 263 milhões (ON), respondendo juntas por 20,5% do total de R$ 5,930 bilhões negociados pela bolsa hoje.

A Petrobras prometeu realizar uma teleconferência amanhã, às 14 horas, para tentar explicar o balanço não auditado do terceiro trimestre de 2014, que trouxe lucro de R$ 3,09 bilhões, queda de 9% em relação aos mesmo período de 2013. A receita líquida avançou 13,7% no período, para R$ 88,38 bilhões.

A empresa decidiu divulgar seu resultado sem as baixas contábeis que eram esperadas pelos investidores, relacionadas ao caso de corrupção investigado pela operação Lava-Jato. O último número a que o conselho de administração chegou, antes de descartar a metodologia usada, foi de R$ 88,6 bilhões.

A Guide Investimentos considerou o balanço uma "peça de ficção". "O conselho não chegou a um consenso em relação às baixas contábeis, e continuarão presentes as incertezas em torno da companhia", disse a instituição em relatório aos clientes. "Não é só ruim para a Petrobras: menores investimentos dela afetam, e de forma expressiva, os investimentos do país como um todo - algo que deve continuar contribuindo para a revisão do crescimento do PIB nas próximas semanas."

O estrategista-chefe da XP, Celson Plácido, concorda com o peso de Petrobras para o PIB brasileiro. "Projetamos PIB zero para o Brasil este ano, e isso ainda não contempla os efeitos da Operação Lava-Jato, nem o racionamento de energia", afirmou. Ele comentou, por exemplo, que ainda não se sabe quais os efeitos da Lava-Jato sobre as empresas de construção pesada.

Diante da incerteza sobre o futuro da economia, ações ligadas ao ritmo de atividade doméstica, como bancos e siderúrgicas, também marcaram presença em terreno negativo: Itaú PN (-2,04%), Bradesco PN (-2,38%), Banco do Brasil ON (-4,3%), Usiminas PNA (-4,63%) e CSN ON (-4,18%).

Outro destaque negativo foi PDG Realty ON (-5,0%), que caiu forte pelo terceiro pregão seguido, acumulando perda de 24% nesse período. Segundo operadores, dados divulgados recentemente por outras construtoras, como Gafisa (-3,44%) e EZTec (-6,42%), mostraram quedas significativas nas vendas no quarto trimestre, o que reforça o pessimismo sobre todo o setor.