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Dólar reduz alta após comunicado do Fed e sobe 0,04%

28/01/2015 18h05

Depois de operar em alta frente ao real, o dólar perdeu força após a divulgação do comunicado da reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto do Federal Reserve (Fomc, na sigla em inglês) divulgado no fim do pregão. O Fed manteve o tom "dovish" do último encontro em linha com o esperado pelo mercado, afastando o temor de uma alta da taxa básica de juros no curto prazo.

O dólar comercial fechou em ligeira alta de 0,04% a R$ 2,5707, depois de ter atingido a máxima de R$ 2,5909 no intradia diante da cautela do cenário externo e preocupação com a situação da Petrobras no mercado doméstico.

Já o dólar futuro para fevereiro avançava 0,04% , cotado a R$ 2,577.

A autoridade monetária americana manteve a expressão "paciência" em relação a decisão de iniciar a normalização da política monetária, sinalizando que não haverá aumento da taxa de juros, no mínimo, até junho.

O mercado trabalha com a perspectiva de que o Fed comece a subir a taxa básica de juros até meados deste ano. Na reunião anterior, a presidente do Federal Reserve, Janet Yellen, havia sinalizado que o Fed não elevaria a taxa de juros até a reunião de abril.

Para Paulo Gala, estrategista da Fator Corretora, o Fed reconheceu alguns fatores que já estavam precificados pelo mercado como o fato de que os preços podem cair em função da cotação mais baixa do petróleo, embora a autoridade monetária americana não veja o risco de deflação no longo prazo. O Fed ainda reconheceu que apesar do dado forte da criação de empregos nos Estados Unidos, o rendimento por hora dos trabalhadores caiu. "O Fed contrabalançou as afirmações mais dovish destacando que a economia continua se expandindo em ritmo forte." O estrategista da Fator Corretora não vê uma alta da taxa básica de juros nos Estados Unidos antes de setembro.

A reação do mercado ao comunicado do Fed foi bastante moderada. O Dollar Index, que acompanha o comportamento da moeda americana frente a uma cesta com as principais divisas, chegou a reduzir a alta , marcando avanço de 0,19%, mas voltou a ganhar força e subia 0,33%.

Apesar do risco menor de uma alta antes do esperado da taxa básica de juros nos EUA, a preocupação com a situação política na Grécia com a vitória do partido de extrema esquerda Syriza pesava sobre o euro e contribuía para reduzir o apetite por ativos de risco.

O mercado teme um rompimento do acordo da Grécia com a troica (FMI, União Europeia e Comissão Europeia), o que poderia colocar em cheque o pagamento da próxima parcela do plano de resgate e a própria permanência do país na zona do euro.

No mercado interno, a divulgação do balanço da Petrobras ontem sem as esperadas baixas contábeis , considerando as perdas com desvio de recursos e do valor dos ativos da empresa, foi recebido negativamente pelos investidores, afetando a confiança no mercado brasileiro.

A preocupação deve-se ao tamanho do peso da Petrobras na economia. A estatal tem até o fim do primeiro trimestre para apresentar o balanço anual auditado. No entanto, segundo o Valor apurou, a empresa espera publicar o balanço auditado no fim de maio.

Apesar dos fatos negativos, a grande atratividade do mercado de renda fixa brasileiro, com a taxa básica de juros em 12,25% , limita uma alta maior da moeda americana.

Números divulgados hoje pelo Banco Central mostram um saldo positivo de US$ 756 milhões na semana passada.

Até quinta-feira, 22 de janeiro, o fluxo cambial estava negativo em US$ 341 milhões, mas na sexta-feira houve uma entrada líquida de US$ 1,097 bilhão, um dia após o Banco Central Europeu (BCE) anunciar um programa de compra de ativos, que poderá somar pelo menos US$ 1,14 trilhão até setembro de 2016.

No mês, o fluxo cambial está positivo em US$ 662 milhões. No mesmo período do ano passado, o fluxo cambial estava positivo em US$ 53 milhões.

Apesar de perspectiva de fluxo cambial mais positivo no curto prazo, o Banco central tem mantido as intervenções no mercado de câmbio. Hoje a autoridade monetária vendeu todos os 2 mil contratos de swap cambial ofertados no leilão do programa de intervenção, além de renovar mais 10 mil contratos de swap cambial que venceriam em fevereiro.