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Petrobras vê ativos superavaliados em R$ 88,6 bilhões

28/01/2015 15h15

O resultado da primeira avaliação dos ativos imobilizados feita pela Petrobras e por firmas globais independentes mostram que eles estão superavaliados em R$ 88,6 bilhões, ao mesmo tempo que alguns estão subavaliados em R$ 27,2 bilhões.

"Concluímos ser impraticável a exata quantificação destes valores indevidamente reconhecidos [da Lava-Jato], dado que os pagamentos foram efetuados por fornecedores externos e não podem ser rastreados nos registros contábeis da companhia", afirmou a presidente da empresa, Maria das Graças Silva Foster.A metodologia que identificou as diferenças, no entanto, foi julgada como imprópria pela companhia, pois envolve vários elementos que não teriam relação direta com pagamentos indevidos identificados na operação Lava-Jato.

A presidente informou no balanço não auditado do terceiro trimestre que as metodologias que vinham sendo usadas para identificar pagamentos indevidos em meio a operação "Lava-Jato" se mostraram impróprias e não identificam de forma correta os ajustes que a empresa precisaria fazer em seus ativos imobilizados.

Segundo Graça, o ajuste seria composto de elementos que não teriam relação direta com pagamentos indevidos. Assim, a empresa irá aprofundar outra metodologia que tome por base valores, prazos e informações contidos nos depoimentos em conformidade com as exigências dos órgãos reguladores, visando a elaboração das demonstrações contábeis revisadas.

A companhia explica que tentou usar duas abordagens para mensurar os danos no imobilizado. A primeira foi a diferença entre o valor justo de cada ativo e o seu valor contábil. A segunda buscou quantificar o sobrepreço dos atos ilícitos usando informações, números e datas revelados nos depoimentos da operação Lava-Jato.

A empresa detalha que os ativos selecionados para avaliação do valor justo somaram R$ 188,4 bilhões, um terço do ativo imobilizado total da Petrobras (R$ 600,1 bilhões) e tiveram como referência os contratos firmados entre a petroleira e as empresas citadas na operação Lava-Jato entre 2004 e abril de 2012.

A avaliação foi realizada por firmas globais reconhecidas internacionalmente como avaliadores independentes, diz a Petrobras, abrangendo 81% do ativo total avaliado. A análise dos outros 19% foi realizada pelas equipes técnicas da empresa.

A presidente afirma, no entanto, que no desenvolvimento do trabalho essa metodologia não se mostrou uma substituta "proxy" adequada para mensuração dos potenciais pagamentos indevidos. Isso porque o ajuste seria composto de diversas parcelas de naturezas diferentes, impossível de serem quantificadas individualmente.

Como exemplo, Graça cita as mudanças nas variáveis econômicas e financeiras, nas projeções de preços e margens dos insumos, nas projeções de preços, margens e demanda dos produtos comercializados, mudanças nos preços de equipamentos, insumos, salários e outros custos correlatos, bem como deficiências no planejamento do projeto.

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