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"Vemos evolução forte do preço da celulose", diz diretor da Fibria

29/01/2015 11h30

A Fibria, maior produtora de celulose de eucalipto do mundo, tem boas perspectivas para o preço de sua commodity em meio à sustentação da demanda internacional e com os recentes reajustes anunciados. Para a companhia, não é a fibra curta, que ela produz, que está pressionada no momento, e sim a fibra longa.

Em teleconferência na qual comentou os resultados do quarto trimestre, Henri van Keer, diretor comercial da empresa, disse que o avanço da cotação da celulose agrada. "O novo aumento de preço que anunciamos, inclusive, já está sendo implementado", afirmou a jornalistas. A companhia encerrou o período com prejuízo líquido de R$ 128 milhões, volume 31% menor em relação ao quarto trimestre de 2013.

Para a diretoria da empresa, a demanda continuará forte na Europa e nos Estados Unidos, principalmente. Segundo Marcelo Castelli, presidente da companhia, o programa de compra de bônus anunciado pelo Banco Central Europeu (BCE), deve injetar recursos na economia local e sustentar a procura por celulose.

"Na China e na Ásia, o consumo das famílias sustenta o preço da nossa commodity. A desvalorização do euro poderia ajudar as produtoras locais a oferecerem o produto mais barato, mas acho que é hora de as europeias começarem a engordar margem, aumentar lucratividade", comentou Van Keer.

Outro fator que provavelmente consegue sustentar os preços da celulose é o prêmio ao qual o produto de fibra longa é vendido. A diferença entre as duas modalidades encontra-se em cerca de US$ 190 no mercado europeu, lembra o executivo-chefe da Fibria, bem acima do histórico de US$ 100.

Na opinião da empresa, a maior pressão recai, portanto, sobre a fibra longa, que historicamente vende a cotações mais caras por conta de sua estrutura de custos mais pesada, mas que atualmente vivencia valorização exagerada dos preços.

Importações de insumos

Um potencial racionamento de energia não deve afetar a Fibria, que produz toda a eletricidade que consome e ainda vende o excedente, mas o presidente da companhia, alertou para a possibilidade de fornecedores enfrentarem dificuldades.

"Temos um plano de contingência para cada gargalo que possa aparecer, não parece haver um ponto crítico e sim possibilidades. Mas podemos compensá-los e uma das maneiras é elevar as importações de insumos", explicou o executivo. Para ele, contudo, a perspectiva é tranquila nesse sentido.

Para o presidente da empresa, a situação é confortável porque além de gerar sua própria energia necessária, a Fibria também se compromete a diversificar a origem de seus clientes - tanto no mercado interno como no externo.

Quanto às chances de racionamento de água, Castelli disse aos jornalistas que o maior risco recai sobre a unidade de Jacareí, no interior de São Paulo. No entanto, o executivo-chefe garante que há um plano de contingência a respeito e ressalta que o impacto não será na produção de celulose, e sim em um potencial aumento dos custos.

"Mesmo assim, o racionamento, se acontecer, trará um impacto pequeno, que no máximo pode diminuir um pouco a produção", acrescentou durante a teleconferência na qual comentou o resultado do quarto trimestre.