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Juros futuros avançam com alta do dólar e aumento da aversão ao risco

30/01/2015 19h10

A escalada do dólar e a onda global de aversão ao risco levaram os juros futuros a fecharem em alta firme nesta sexta-feira na BM&F. Também contribuiu para o aumento dos prêmios de risco, sobretudo entre as taxas mais longas, a confirmação de que o setor público consolidado fechou 2014 com déficit primário.

Declaração do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, pela manhã sobre a falta de "intenção de manter o câmbio artificialmente valorizado" provocou ruídos e levou os investidores a considerar que o Banco Central poderia modificar o atual programa de intervenção no mercado de câmbio, cujo principal instrumento são as vendas e rolagens de swaps cambiais. Apesar do esclarecimento da assessoria do ministério da Fazenda dando conta que Levy se referia ao cenário internacional, o dólar seguiu pressionado ao longo da tarde.

O enfraquecimento da moeda brasileira aumenta os riscos inflacionários e os prêmios exigidos pelos investidores para aplicações em renda fixa local, o que leva a uma alta tanto dos DIs curtos quanto dos mais longos.

Como o Banco Central quer evitar os "efeitos secundários" do ajuste de preços relativos, o potencial repasse cambial de uma nova rodada de depreciação do real dá fôlego a expectativa de que o Copom mantenha o ritmo de aperto monetário com uma nova alta da Selic - atualmente em 12,25% ao ano - em 0,50 ponto percentual.

Na BM&F, o DI abril/2015 - que abriga as expectativas para a decisão do Copom em março - subiu um degrau, de 12,27% para 12,278%. Já o DI janeiro/2016 - espelho das expectativas para o rumo da Selic neste ano - avançou de 12,69% para 12,75%. Entre as taxas intermediárias, DI janeiro/2017 subiu de 12,36% para 12,46%.

Lá fora, a aversão ao risco deu o tom, com os temores de desaceleração da economia global e o aprofundamento da deflação na Europa levando os investidores a acorrer aos títulos soberanos de países desenvolvidos. A prévia do CPI da zona do euro em janeiro recuou 0,6%, acima do previsto por analistas, que esperavam queda de 0,5%.

E a economia americana também decepcionou. A segunda leitura do PIB dos Estados Unidos no quatro trimestre mostrou avanço de 2,6%, abaixo das expectativas, de alta de 3,2%.

Por aqui, o setor público consolidado registrou déficit primário de R$ 32,536 bilhões em 2014 (0,63% do PIB), pior resultado da série histórica e longe da "meta" de superávit primário de R$ 10,1 bilhões.

Na BM&F, o DI janeiro/2021, mais ligado à percepção de risco, subiu de 11,76% para 11,89%.