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Petrobras cai 18% no mês e pressiona Bovespa a fechar no vermelho

30/01/2015 18h00

A Bovespa encerrou janeiro com perda acumulada de 6,2%, depois de um mês marcado por turbulências no ambiente corporativo, envolvendo especialmente Petrobras, Oi, elétricas, construtoras e Vale. Somente nesta semana, o Ibovespa recuou 3,83%.

Além do impacto das investigações da operação Lava-Jato sobre a estatal, o mercado brasileiro sofreu neste mês com o medo dos racionamentos de água e energia, com as quedas do petróleo e do minério de ferro, além das expectativas de desaceleração da China e de complicações na Grécia após a troca de governo no país.

As poucas boas notícias do mês foram a versão europeia do plano de estímulo à economia, ou "quantitative easing", e a sinalização do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) de que os juros devem seguir reduzidos até junho.

Hoje, o mercado reagiu mal à revisão para baixo do PIB americano, para 2,6% no quarto trimestre, ante a expectativa de 3,2% dos economistas. Na primeira prévia, o PIB mostrou variação de 5,0%. No ambiente doméstico, declaração dada pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, causou ruído no mercado e faz o dólar disparar 3%. Segundo o ministro, "não há intenção de manter o câmbio artificialmente valorizado". A frase referia-se ao mundo, e não especificamente ao Brasil, esclareceu a Fazenda em nota.

"O cenário hoje foi ruim para ativos de risco no mundo todo. Os resultados de empresas americanas estão apontando para baixo. Empresa de energia estão cortando suas previsões de investimento. E no Brasil, a perspectiva de risco também piorou nesta semana, diante da maior desconfiança dos investidores com os ajustes propostos por Levy. Há dúvidas se ele vai conseguir implementar medidas de fato", resume o economista da Guide Investimentos, Ignacio Crespo Rey.

O Ibovespa fechou em baixa de 1,79%, aos 46.907 pontos, com volume de R$ 7,991 bilhões. As ações da Petrobras, mais uma vez, pressionaram o índice. A ação PN perdeu 6,51% e fechou valendo R$ 8,18, o menor preço desde 16 de maio de 2005. A ON caiu 5,07%, para R$ 8,04, menor cotação desde 26 de agosto de 2004. No mês, a PN caiu 18,4%, e a ON, 16,2%.

A nota de risco de crédito da Petrobras foi rebaixada hoje pela Moody's. Foi o terceiro corte de rating da petrolífera em quatro meses. Em comunicado, a Moody's informou que rebaixou a dívida não garantida da Petrobras, de Baa2 para Baa3, e a avaliação básica de crédito da empresa, de ba1 para ba2, devido a "preocupações com as investigações sobre corrupção" em curso e "incertezas sobre a divulgação oportuna de comunicados financeiros auditados (que) podem levar a significativas pressões de liquidez". A Moody's manteve os ratings da Petrobras sob revisão para um possível novo rebaixamento.

O setor bancário também sofreu vendas expressivas hoje: Bradesco PN (-2,99%), Itaú PN (-1,40%), Banco do Brasil ON (-4,12%) e Santander Unit (-6,95%). Analistas começam a revisar para baixo a previsão de crescimento do setor neste ano, após os números divulgados ontem pelo Bradesco. O banco informou que prevê uma expansão de 5% a 9% de sua carteira de crédito neste ano.

Além disso, investidores estão preocupados com possíveis provisões que as instituições terão que fazer por causa da Operação Lava-Jato. Muitas das construtoras investigadas possuem empréstimos relevantes. Somente a exposição dos maiores bancos do país à Petrobras alcança R$ 31,2 bilhões, segundo apurou o Valor.

Na ponta negativa do Ibovespa apareceram Oi PN (-10,57%), PDG Realty ON (-10,34%) e CCR ON (-7,11%).

Os papéis da PDG têm sofrido forte desvalorização na bolsa nos últimos dias. Nesta semana, a PDG divulgou sua prévia operacional. A companhia teve entregas recordes em 2014, o que sinaliza um potencial de geração de caixa para os próximos trimestres. Operacionalmente, no entanto, o desempenho do ano passado ficou abaixo do de 2013. Os lançamentos caíram 30%, para R$ 1,4 bilhão, e as vendas líquidas tiveram queda de 33% no ano, para R$ 1,9 bilhão.

As ações da Oi recuaram após seu conselho de administração aprovar o cancelamento da distribuição de dividendos até 2016. A medida é parte do plano de venda da PT Portugal à Altice.

As elétricas passaram por mais um pregão de forte perdas, diante do aumento do risco de um racionamento de energia: Copel PNB (-5,45%), Eletrobras PNB (-4,65%), Tractebel ON (-4,68%) e CPFL ON (-4,53%). Hoje, o Operador Nacional do Sistema (ONS) informou a previsão de chuvas para fevereiro é de 52% da média histórica no subsistema Sudeste/Centro-Oeste, valor considerado extremamente baixo para reverter a crise hidrológica que atinge o país.

Empresas exportadoras dominaram a lista de altas do dia, surfando na disparada do dólar: Fibria ON (3,52%), Vale ON (3,10%) e Embraer ON (2,77%).