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Brasil amplia investimento na AL com foco nos países andinos e México

03/02/2015 15h10

As empresas brasileiras investiram mais na América Latina no ano passado, mas agora os "queridinhos" são México, Peru e Colômbia. Em 2014, de acordo com o Index Invest Brasil, banco de dados do Centro de Estudos de Integração e Desenvolvimento (Cindes) montado com base em notícias publicadas na imprensa do Brasil e dos demais países latino americanos, 26 operações de investimento foram realizadas por empresas brasileiras em países da América do Sul e no México.

Esse número representa um aumento substancial no total de projetos quando comparado ao triênio 2011-2013, quando o total de projetos por ano variou entre 12 e 13.

Do total do ano passado, seis projetos foram desenvolvidos no México, enquanto Peru e Colômbia receberam cinco operações de investimento, cada. Por outro lado, o interesse nos países do Mercosul diminuiu.

Embora 26 projetos represente o dobro das operações realizadas em 2013, o número de investimentos ainda não voltou aos patamares observados em 2007 e 2008, quando foram registradas 39 e 42 operações de investimentos, respectivamente.

Sandra Rios, diretora do Cindes, pondera que o levantamento precisa ser analisado com atenção porque ele é montado a partir das notícias publicadas em meios de comunicação da região. "Não é um dado estatístico, mas temos um bom grau de confiabilidade na tendência", diz ela.

O levantamento também considera os investimentos anunciados e, nessa série, o dado de 2014 foi recorde desde 2007, atingindo 31 projetos. O interesse do levantamento, diz ela, é ter mais informações sobre os investimentos brasileiros no exterior porque os dados do Banco Central ainda não permitem identificar o real destino (e origem) dos investimentos diretos do Brasil (tanto os que chegam, como os que saem), uma vez que muitos recursos circulam antes por países com legislação mais atrativa para investimentos.

Para Sandra, a política macroeconômica de México, Peru e Colômbia é um dos atrativos para o investidor brasileiro. O Cindes está fazendo uma pesquisa para entender a motivação dos empresários mas, na sua avaliação, uma das razões para Peru e Colômbia é o acesso aos mercados locais. No caso do México, além do mercado doméstico, a possibilidade de acessar os Estados Unidos é um atrativo, mas ela destaca que há empresas de serviços indo para o México.

Resolve

Uma dessas empresas brasileiras é o grupo Resolve Franchising, que hoje tem 600 franqueados no país e cuja principal franquia é a Doutor Resolve, aberta em 2010 no Brasil e que faz pequenas reformas e consertos nas residências. Hoje ela já está na Colômbia, México e Panamá.

David Pinto, fundador e presidente da franquia, conta que a operação tem um masterfranqueado em cada um dos países e a expansão começou por interesse de um empresário brasileiro que já morava na Colômbia. "Ele nos mostrou um país muito diferente. Tínhamos uma ideia errada, ainda muito influenciada pelos anos de noticiário sobre o narcotráfico", diz Pinto. "Hoje, vários desses países crescem mais que o Brasil", afirma.

O grupo Resolve Franchising está presente na Colômbia desde 2013, onde possui 120 franquias. No México, ele chegou em março de 2014, alcançando a marca de 55 franquias em seis meses de operação. No Panamá, a operação começou em novembro no ano passado.

No Brasil, a rede envolve três franquias - a Doutor Resolve, o Instituto da Construção (para formar mão de obra na construção civil) e a Dona Resolve (atua em limpeza e outra tarefas domésticas, como um motorista para os filhos), e juntas elas registraram faturamento de R$ 400 milhões em 2014. A partir do Panamá, o grupo planeja expansão para os demais países da América Central, conta Pinto. Por enquanto, diz, a operação no exterior ainda representa bem menos de 10% das receitas do grupo.

Além do setor de serviços, o levantamento do Cindes também identificou que indústrias brasileiras continuaram buscando oportunidades nos países da América Latina. Essas operações, diz Sandra, têm sido marcadas pela oportunidade de explorar recursos naturais ou commodities nos países vizinhos (como a ida de frigoríficos para o Uruguai) e pela aquisição de companhias locais já instaladas. Do total de 26 projetos realizados no ano passado, 12 foram na indústria e 14 em serviços e comércio (como a abertura de lojas do Boticário e da Chilli Beans).

Sandra pondera que pela metodologia do Banco Central e pela limitação do levantamento feito por notícias na imprensa, fica difícil ter uma real mensuração dos investimentos brasileiros no exterior, mas que a tendência de diversificação de setores (com mais serviços) e da ênfase nos países andinos e no México é um retrato do que está acontecendo.