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Dólar fecha em queda com cenário externo e rumores sobre Petrobras

03/02/2015 17h35

O dólar fechou em queda frente ao real, após quatro pregões consecutivos de alta, refletindo o ambiente de maior apetite por ativos de risco no exterior e rumores sobre a troca de comando da Petrobras, com a possível saída da presidente da estatal, Graça Foster.

O dólar comercial caiu 0,84% encerrando a R$ 2,6923. Já o contrato futuro para março recuava 1,15% para R$ 2,714.

Rumores sobre a troca de comando da Petrobras animou os investidores, mesmo com a Fitch tendo rebaixado o rating da empresa para um degrau acima do grau de investimento com perspectiva negativa, se igualando à Moody's. A aposta na saída de Graça Foster levou a uma recuperação das ações da estatal, que foi acompanhada pelo fortalecimento do real. Entre os nomes que circulam no mercado para substituí-la está o do ex-presidente do Banco Central, Henrique Meirelles.

Graça se reuniu hoje à tarde com a presidente Dilma Rousseff e seu destino pode ser resolvido ainda hoje. "A troca de comando da Petrobras pode ser o primeiro sinal de ação contra essa onda de pessimismo com a empresa. E isso mexe com prêmio de risco, o que por sua vez influencia o real", afirma o estrategista de um banco estrangeiro.

Lá o fora, o dólar caía frente às principais divisas com a notícia de que o novo governo grego revelou um plano para renegociar a dívida com os credores.

O ministro das Finanças Yanis Varoufakis, disse que a Grécia considera uma troca de dívida que iria resultar em mais prazo para os vencimentos dos bônus gregos, vinculando os pagamentos ao crescimento futuro.

Os dados abaixo do esperado de encomendas à indústria nos Estados Unidos também colaboraram para a queda do dólar frente às principais divisas emergentes, reforçando as apostas de o Federal Reserve pode adiar a alta da taxa básica de juros nos Estados Unidos.

As encomendas à indústria nos EUA caíram 3,4% em dezembro, superando a previsão dos analistas, que esperavam queda de 2,5% no período.

O Dollar Index, que acompanha o desempenho da moeda americana frente a uma cesta com as principais divisas, recuava 1,19% .

As moedas emergentes ainda foram amparadas hoje pela recuperação dos preços do petróleo, que subiram com rumores sobre a redução no número de plataformas e poços em operações nos Estados Unidos.

No mercado local, o dia foi de recuperação depois de o real ter registrado uma perda de 5,36% ante o dólar nas últimas quatro sessões. Para efeito comparativo, o índice MSCI para moedas emergentes recuou no período 1,25%.

Apesar da recuperação de hoje, investidores seguem cautelosos com a moeda brasileira, em meio à preocupação com a atividade e com o cumprimento da meta fiscal por parte da nova equipe econômica diante do risco de racionamento de energia cada mais evidente.

Além disso, há preocupações de que a onda de afrouxamento monetário nos demais países emergentes, referendada hoje pela Austrália, leve o BC a reduzir o ritmo de aperto monetário, o que pode afetar o esforço da autoridade monetária de melhorar o gerenciamento de expectativas junto ao mercado.

Nesse cenário, o BNP Paribas revisou para cima a projeção para o câmbio para 2015 , prevendo um dólar a R$ 3 no fim do ano.

Entre os fatores que levaram o banco a antecipar a revisão da projeção, que inicialmente estava prevista para março, estão os dados de produção industrial e do setor público consolidado de 2014, além das evidências de que o racionamento de energia é iminente. "O risco de uma moeda mais fraca no curto prazo certamente aumentou", afirmam os analistas do banco em relatório.

No mercado também aumentou a preocupação com uma redução das intervenções do Banco Central no câmbio desde que o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, disse na semana passada "que não há intenção de manter o câmbio artificialmente valorizado".

Por enquanto, o BC mantém as atuações no mercado câmbio e renovou hoje mais 13 mil contratos de swap cambial que venceriam em março. A autoridade monetária ainda vendeu todos os 2 mil contratos de swap cambial ofertados no leilão do programa de intervenção.