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Juros futuros avançam com preocupações fiscais e 'risco Petrobras'

05/02/2015 17h45

Os juros futuros longos avançaram com mais força nesta quinta-feira na BM&F dando sequência ao aumento de prêmios de risco ensejado pela percepção de piora dos fundamentos domésticos. Passado o alívio trazido pelas medidas anunciadas pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, os investidores se debruçam sobre o desafio de pôr as contas públicas em ordem em meio ao desaquecimento da atividade - que tende a ser mais pronunciado em caso de racionamento de energia e água - e aos imprevisíveis desdobramentos político e econômicos da devassa na Petrobras.

Embora parte do avanço de hoje das taxas possa ser atribuído ao ambiente externo - com alta de juros de outros países latino-americanos como Chile e México e dos Treasuries -, analistas ressaltam que há um claro componente doméstico a exacerbar os movimentos. Com várias casas de peso prevendo retração do PIB e a "herança maldita" do déficit primário em 2014, já há quem questione a capacidade de o governo cumprir a meta fiscal de superávit primário de 1,2% do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano. Aqui e ali, comenta-se que o tema da perda do grau de investimento pode voltar à baila caso a situação se deteriore ainda mais.

Ao mesmo tempo que deprime a atividade, o racionamento pode turbinar ainda mais a inflação no curto prazo, dificultando o trabalho da política monetária na ancoragem das expectativas. Como há dúvida sobre a extensão e magnitude do atual ciclo de aperto monetário, sobretudo após a divulgação da mais recente ata do Copom, os riscos inflacionários aumentam, o que se transmite aos prêmios dos contratos mais longos.

Entre os derivativos de longo prazo, DI janeiro/2021 passou 12,12% para 12,21%. No fim da semana passada, era negociado a 11,89%, o que dá a dimensão da mudança dos últimos dias. DI janeiro/2017, que rodava 12,47% na sexta-feira, encerrou o pregão a 12,65% (ante 12, 59%).

O Tesouro Nacional realizou hoje uma grande venda de títulos prefixados, o que pode ter ajudado a pressionar as taxas. Vendeu 5,984 milhões de LTNs de três vencimentos (R$ 4,397 bilhões), do lote integral de 6,5 milhões. Também foi vendida a oferta integral de 3,5 milhões de NTN-Fs - papel preferido pelos estrangeiros - de dois vencimentos (R$ 3,164 bilhões). A NTN-F para 2021 saiu à taxa média de 12,3244%.