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Tensão local inibe recuperação do real e dólar fecha em leve alta

05/02/2015 18h00

O dólar fechou em ligeira alta frente ao real em dia de pregão volátil. A queda do dólar no mercado externo ajudou a aliviar a pressão no câmbio, mas a recuperação do real foi limitada por fatores domésticos, como a preocupação com o impacto da crise da Petrobras na economia e do risco crescente de racionamento de energia.

O dólar comercial subiu 0,04%, encerrando em R$ 2,744. O pregão foi volátil, com a moeda americana tendo alcançado R$ 2,7627 na máxima intradia e R$ 2,7223 na mínima. Já o contrato futuro para março avançava 0,04% para R$ 2,76.

Lá fora, o dólar caía frente às principais divisas diante da recuperação do preço do petróleo, que operava em alta após a forte queda verificada ontem, enquanto investidores aguardam a divulgação do relatório de emprego ("payroll) nos Estados Unidos amanhã.

A moeda americana recuava 0,57% frente ao dólar australiano, 1,76% diante do rand sul-africano, 1,11% em relação à lira turca e 0,87% frente ao peso mexicano.

No Brasil, a deterioração dos fundamentos domésticos com a piora da perspectiva para o crescimento econômico, diante do risco iminente de racionamento de energia e do impacto da crise na Petrobras, tem abalado a confiança dos investidores no Brasil, reduzindo o efeito positivo das medidas de ajuste fiscal.

Muitos analistas já preveem uma recessão da economia brasileira neste ano diante do risco de racionamento de energia no Brasil e de água no Estado de São Paulo. "O ano de 2015 mostra que vai ser pior do que se imaginava. A indefinição da situação da Petrobras [após a saída da presidente da estatal Maria das Graças Foster e de mais cinco diretores] pode se estender por mais tempo e há incerteza sobre o apoio político à aprovação das medidas de ajuste fiscal anunciadas recentemente", afirma Silvio Campos Netto, economista da Tendências Consultoria.

A Tendências prevê uma retração de 0,5% para o PIB neste ano, considerando um corte de 15% dos investimentos da Petrobras, mas pode rever para baixo caso se confirme o quadro de racionamento de energia.

O Credit Suisse prevê uma retração de até 1,5% do PIB , considerando o racionamento de energia, o que fez com que o banco revisasse a projeção para o dólar para R$ 3,10 no fim do ano.

A perspectiva de um crescimento ainda mais fraco da economia e o resultado fiscal pior que o esperado de 2014 trazem dúvidas sobre a capacidade do governo de cumprir a meta de superávit primário de 1,2% do PIB estabelecida para este ano.

Para Campos, da Tendências, o racionamento de energia ainda não está refletido totalmente nos preços, dado que a curva de juros ainda se move na expectativa de continuidade do aperto monetário, mas a percepção de risco está mais acentuada.

A percepção de risco maior já se reflete no câmbio. A moeda americana acumula uma alta de 2,06% na semana, e está no maior nível desde março de 2005.

No caso do dólar, declarações do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, na semana trouxeram dúvidas sobre a continuidade das intervenções do Banco Central no câmbio, o que trouxe uma pressão adicional de alta da moeda americana.

Por enquanto, o BC tem mantido as intervenções e renovou hoje todos os 13 mil contratos de swap cambial que venceriam em março, além de vender todos os 2 mil contratos ofertados no leilão do programa de intervenção.