IPCA
0,83 Mar.2024
Topo

PMDB diz a Lula que sente angústia com a coalização política

26/02/2015 14h30

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva esteve na manhã desta quinta-feira na casa do presidente do Congresso Nacional, Renan Calheiros (PMDB-AL) para um encontro com senadores do PMDB. Também estavam presentes o ex-presidente José Sarney e os senadores Delcídio Amaral (PT-MS) e Blairo Maggi (PR-MT).

Segundo o líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira (CE), os integrantes da sigla fizeram um longo relato a Lula das dificuldades enfrentadas pelo partido na relação com o governo da presidente Dilma Rousseff e de como essa dificuldade está afetando os rumos da economia.

"Não houve nenhuma solicitação ao presidente para que se fizesse qualquer tipo de gestão em relação ao governo. Mas houve obviamente uma conversa de amigos, uma conversa respeitosa e de profundidade, dizendo que existe problema na política e a questão política está refletindo na economia", disse Eunício. "A preocupação é com o relacionamento. Ninguém tem de esconder que há neste momento uma angústia com a chamada coalização política, com o principal partido que é o PMDB", disse.

Lula, segundo o relato, "preocupado, perguntou qual era o quadro efetivo do cenário no Congresso e na política em geral. Dissemos para o presidente que existem algumas dificuldades do ponto de vista da política e essas dificuldades, da relação política, da verdadeira coalizão, tem criado efetivamente obstáculos para algumas outras medidas do ponto de vista da economia".

O impasse em relação às medidas provisórias que restringem o acesso a benefícios trabalhistas, que podem gerar uma economia de R$ 18 bilhões ao governo, é um desses casos em que a articulação deixou a desejar, segundo Eunício. "O que está faltando ainda é esse diálogo com os outros partidos da coalizão, mas o presidente foi muito cuidadoso com os assuntos da política e da economia. Mas na economia ele está otimista. Acha que temos que começar a fazer coisas como o PAC 3, que precisa ser implementado".

Eunício garantiu que o PMDB quer não é cargos. "Não é mais espaço administrativo. É saber, dessas medidas que estão sendo tomadas, o que vai acontecer no futuro, se vamos manter o nível de emprego, se vamos animar a economia para o Brasil voltar a crescer para a gente receber novamente o sentimento das ruas".

Segundo ele, Lula concorda. "Ele concorda conosco. Acha que tem de haver uma reorganização do ponto de vista político, como sempre aconteceu no passado. O presidente reafirmou que o PMDB é um partido essencial, até porque, com a firmeza do PMDB, os demais partidos se sentem seguros para fazer o mesmo entendimento". Não foi pedido ao ex-presidente, garante, que seja intermediador de um entendimento com o Planalto. "Não foi esse o objetivo da conversa. Nem pedimos isso ao presidente e nem ele se propôs".

Recorrer ao ex-presidente em momentos de dificuldade, contou Eunício, não é novidade para o PMDB. "Tem sido a rotina. Antes das eleições do ano passado ele conversou conosco pelo menos três ou quatro vezes. O presidente Lula é o garantidor dessa relação. É uma relação de confiança mútua. Toda conversa com o presidente ajuda e ajuda muito a harmonizar a questão política no Brasil. Tantas quantas vezes a gente deseje conversar com ele, ele disse que estará à disposição do PMDB".

Além de Renan e Eunício, estavam presentes os senadores pemedebistas Romero Jucá (RR), Edison Lobão (MA), Roberto Requião (PR) e Garibaldi Alves (RN). Lula foi ao encontro acompanhado do ex-ministro Luiz Dulci.