IPCA
0,83 Mar.2024
Topo

Juros sobem refletindo alta do dólar e dúvidas sobre ajuste fiscal

02/03/2015 16h55

As taxas de juros futuros na BM&F abandonaram a queda verificada mais cedo e subiram nesta segunda-feira, reagindo à alta do dólar e às persistentes dúvidas com relação à implementação do ajuste fiscal proposto pela equipe econômica liderada pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy. A alta nos rendimentos dos Treasuries também contribuiu para sustentar os prêmios mais altos na curva de juros.

O DI para janeiro de 2016 tinha taxa de 13,01% ante 13,04% do ajuste do pregão anterior. Já o DI para janeiro de 2017 avançava para 12,86% ante 12,78% do fechamento anterior, enquanto o DI para janeiro de 2021 operava a 12,38% ante 12,23% do fechamento anterior.

O mercado reagiu nesta segunda-feira à alta do dólar no mercado local diante da sinalização do Banco Central de que poderá não fazer a rolagem integral do lote de US$ 9,964 bilhões em swaps cambiais que vence em abril. O fato foi interpretado pelos investidores como indicação de mudança da postura da atuação da autoridade monetária no mercado de câmbio, o que ajudou a puxar as taxas de juros futuros, aumentando as apostas de que o BC terá de fazer um aperto maior da política monetária para neutralizar o efeito da alta do dólar e controlar as expectativas de inflação.

Para tentar neutralizar o efeito da alta do dólar, o BC deve seguir com o ciclo de aperto monetário e elevar a taxa Selic em 0,5 ponto percentual na quarta-feira, ao fim da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), afirma Carlos Thadeu de Freitas, economista-chefe da Confederação Nacional do Comércio (CNC) e ex-diretor do BC.

A economista-chefe da XP Investimentos, Zeina Latif, destaca que o ajuste fiscal pode ajudar a controlar os preços livres, mas que hoje ainda não há sinais de que isso esteja acontecendo, não havendo espaço para o BC interromper o ciclo de aperto monetário. "O problema é que o efeito do ajuste fiscal sobre a economia demora, e o BC talvez tenha que parar o ciclo de alta da taxa de juros antes disso, dado o cenário de crescimento econômico fraco. Quando há credibilidade, o BC tem um grau de liberdade para parar para observar. O problema é que o BC não tem credibilidade suficiente para controlar as expectativas dos agentes econômicos."

A repreensão pela presidente Dilma Rousseff do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, trouxe uma preocupação em relação ao apoio do governo às medidas de ajuste fiscal anunciadas pela equipe econômica. Dilma disse que Levy foi "infeliz" ao classificar as desonerações como "grosseiras". Também circulam informações de que a maioria dos membros do PT seria contra as medidas fiscais, o que pode dificultar a aprovação no Congresso.