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Estatais concentram perdas na Bovespa em dia tenso com risco político

04/03/2015 17h48

O cenário político contaminou o mercado financeiro, atingiu em cheio o câmbio e fez pressão sobre a bolsa, especialmente sobre as ações de estatais, nesta quarta-feira. Investidores ficaram preocupados com os atritos entre Congresso e Planalto, que ganhou força ontem à noite, colocando em risco a implementação do ajuste fiscal e ameaçando a nota de grau de investimento do país.

Demonstrando insatisfação com a presidente, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) - que já havia deixado de comparecer a um jantar oferecido por Dilma na noite de segunda-feira -, devolveu ontem a Medida Provisória 669, que reverte parte da desoneração da folha de pagamento das empresas. O Executivo reagiu enviando ao Congresso Nacional um projeto de lei, com urgência constitucional, mantendo o teor da medida.

Para piorar a situação, a tensão em Brasília coincidiu justamente com o primeiro dia de visitas de representantes da agência de classificação de risco Standard and Poor's (S&P) ao Brasil para começar as avaliações sobre a nota de crédito soberano do país.

Em meio ao conflito institucional, circulou nas mesas de operações um e-mail apócrifo com a suposta "lista de Janot", trazendo nomes de políticos influentes - inclusive da presidente Dilma Rousseff e dos presidentes da Câmara, Luiz Eduardo Cunha, e do Senado, Renan Calheiros. O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, apresentou ontem ao Supremo Tribunal Federal (STF) uma lista de políticos a serem investigados dentro da operação Lava-Jato. Os nomes, no entanto, não foram divulgados oficialmente.

O Ibovespa fechou em baixa de 1,63%, aos 50.468 pontos, com giro de R$ 6,535 bilhões. As ações de estatais - Banco do Brasil ON (-5,03%), Petrobras PN (-4,06%) e Eletrobras PNB (-3,88%) - marcaram presença entre as maiores baixas, num claro sintoma de aversão dos investidores ao risco político. "O ?kit eleições' virou ?kit governo'", aponta o analista técnico da Clear Corretora, Raphael Figueredo, referindo às ações que eram mais sensíveis às pesquisas eleitorais no ano passado. "O mercado está bastante sensível ao cenário político."

Entre as principais ações do índice, além de Petrobras, caíram Vale PNA (-2,32%), Ambev ON (-1,08%), Bradesco PN (-2,07%) e Itaú PN (-0,87%). "O que salvou um pouco o índice foi Gerdau e as outras ações de siderurgia, que sobem por arbitragem", avalia Figueredo. Além das siderúrgicas, empresas exportadoras também resistiram em alta, de carona no avanço do dólar, que flerta com os R$ 3,00.

No topo do Ibovespa ficaram Gerdau PN (4,50%), Gerdau Metalúrgica PN (4,27%), Fibria ON (3,49%), Usiminas PNA (3,49%) e Suzano PNA (3,20%).

Investidores digeriram bem o balanço da Gerdau, que trouxe queda de 11,8% no lucro do quarto trimestre, para R$ 397 milhões. A siderúrgica anunciou que vai reduzir em 17,4% os investimentos previstos para este ano, para R$ 1,9 bilhão. O resultado acaba impulsionando os demais papéis do setor.

Na ponta negativa do Ibovespa figuraram PDG Realty ON (-6,66%), Estácio ON (-5,92%) e MRV ON (-5,63%).