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Embraer e Vale afetam Bovespa em dia de aversão ao risco político

05/03/2015 05h47

A aversão ao risco político voltou a contaminar o mercado brasileiro nesta quinta-feira. O dólar refletiu o clima tenso com mais força e fechou na casa dos R$ 3. A Bovespa encerrou em baixa, influenciada também pela safra de balanços, com destaque para Embraer. As ações da Vale caíram forte diante da revisão para baixo da meta de crescimento da China neste ano, o que fez o preço do minério de ferro despenca.

Pela manhã, operadores comentaram que a manchete de hoje do Valor - de que do total de R$ 111 bilhões em medidas de ajuste para 2015, apenas 22% dependem diretamente de aprovação do Congresso, o que equivale a R$ 24 bilhões - trouxe certo alívio aos investidores, o que ajudou a bolsa a operar no azul por algumas horas. Ontem, o mercado temia que o atrito entre Congresso e Planalto comprometesse mais seriamente a implementação do ajuste fiscal.

À tarde, a preocupação com a chamada "lista de Janot" - o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, apresentou na terça-feira ao Supremo Tribunal Federal (STF) uma lista de políticos a serem investigados dentro da operação Lava-Jato - voltou a dominar as mesas de operações.

A coluna Radar, do site da revista "Veja", afirma que o procurador estaria preparando uma segunda lista, além dos 54 nomes que supostamente já estão na primeira. Entrariam nesta segunda lista governadores, ex-governadores, ex-deputados e ex-senadores. Oficialmente, os nomes da primeira lista só devem ser divulgados amanhã.

O Ibovespa caiu 0,20%, para 50.365 pontos, depois de marcar mínima nos 50.114 pontos (-0,70%). O volume ficou abaixo da média, com R$5,108 bilhões. "A conjuntura não está legal, tanto do ponto de vista macroeconômico quanto político", afirma o sócio-diretor da AZ Investimentos, Ricardo Zeno.

"Você tem inflação em níveis elevados, a economia não está crescendo, os balanços estão vindo mistos, a Petrobras ainda está devendo o balanço auditado, a operação Lava-Jato provocando aversão ao risco e a lista de Janot gerando mais expectativas negativas", enumera Zeno. "Tudo isso é reflexo de nosso governo, que tem deixado a desejar."

Do ponto de vista gráfico, a tendência de alta para a bolsa brasileira começar a ser ameaçada, afirma o analista técnico da Guide Investimentos, Lauro Vilares. "O quadro fica indefinido se o Ibovespa perder os 50 mil pontos e fica feio de vez abaixo dos 45 mil pontos, mas isso implicaria em uma queda de 10% do patamar atual. A tendência de alta volta a ganhar força se a bolsa vencer a máxima deste ano, na casa de 51.900 pontos", afirma Vilares.

Entre as principais ações do índice, Petrobras PN subiu 0,76% e Ambev ON ganhou 0,49%, enquanto Bradesco PN (-0,16%), Itaú PN (-0,88%) e Vale PNA (-4,07%) fecharam no vermelho.

A Petrobras confirmou hoje que foi autorizada pelo seu conselho de administração a captar até US$ 19,1 bilhões (cerca de R$ 57 bilhões) neste ano. Segundo a companhia, a aprovação desse limite é efetuada anualmente e não representa obrigação da captar os volumes autorizados. Na esfera política, a CPI da Petrobras definiu hoje a composição da mesa, o cronograma de trabalho. A primeira sessão foi marcada por bate-boca entre os deputados.

Já a Vale sentiu os reflexos da revisão das previsões econômicas da China para este ano. O governo do país reduziu a projeção de crescimento neste ano para 7%, abaixo da meta de 7,5% do ano passado. O corte nas estimativas atingiu em cheio o preço do minério de ferro, que despencou 3,5%, para patamar inferior a US$ 60 por tonelada nos portos chineses.

A lista de maiores altas do Ibovespa trouxe Braskem PNA (4,57%), Oi PN (3,28%) e Cemig PN (3,01%). CCR ON (1,90%) também ficou entre os maiores ganhos, após apresentar lucro de R$ 383,9 milhões no quarto trimestre, 25,3% a mais do que no mesmo período de 2013.

Na ponta negativa ficaram ALL ON (-5,49%), Embraer ON (-4,48%) e Vale ON (-4,36%). A Embraer registrou queda de 60% no lucro do quarto trimestre, para R$ 241,9 milhões. O Bank of America Merrill Lynch destacou o mix fraco de vendas de jatos comerciais, com maior participação do modelo E-175. Os números do balanço também ficaram abaixo do esperado pelo BTG.