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Partidos e citados recebem lista com 'surpresa' e 'indignação'

07/03/2015 00h42

Partidos e políticos receberam com surpresa, e alguns com indignação, a lista da Procuradoria-Geral da República enviada ao Supremo Tribunal Federal (STF), com pedido de abertura de inquéritos no âmbito da operação Lava-Jato.

O diretório nacional do Partido dos Trabalhadores, em nota à imprensa, assinada pelo presidente do partido, Rui Falcão, reafirma apoio integral ao prosseguimento das investigações e que todos os acusados devem ter o direito ao contraditório, à ampla defesa e ao devido processo legal.

O partido afirma, na nota, que se orgulha de liderar governos que combatem a corrupção e que todas as doações que recebe são legais e declaradas à Justiça Eleitoral.

O PSDB defendeu, também em nota enviada à imprensa, a conduta do senador mineiro Antônio Anastasia, filiado ao partido incluído na lista de Janot. No caso de Anastasia, como já há inquérito instaurado contra ele, o procurador-geral solicitou o deferimento de diligências. O relator dos processos no STF, ministro Teori Zavascki, deu aval ao pedido.

Na nota, assinada pelo presidente nacional do partido, senador Aécio Neves, e pelos líderes da agremiação na Câmara e no Senado, o PSDB diz-se surpreso com a inclusão do senador na lista e que tem certeza de sua inocência. Quanto ao restante da lista, o partido afirma que tomará "as medidas necessárias após análise de cada caso".

?Tristeza'

A senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) disse na noite desta sexta-feira ter recebido a notícia com "tristeza". "Recebo a notícia desta investigação com tristeza e ao mesmo tempo com tranquilidade. Tristeza por ter meu nome envolvido em caso de corrupção. O maior patrimônio que eu tenho, construído ao longo destes anos, é o meu nome e a minha trajetória pública em defesa do direito das pessoas e de uma sociedade com justiça social", afirmou a senadora em nota enviada por meio da assessoria de imprensa.

"E tranquilidade, porque eu não temo a investigação e terei condições de provar que nada tenho com este esquema que atacou a Petrobras. A investigação é oportunidade de esclarecimento dos fatos e espero que seja a forma de acabar com o julgamento antecipado", diz o texto.

Ela também voltou a afirmar que não conhece e nunca teve contato com Paulo Roberto Costa e Alberto Youssef. "Reafirmo minha disposição de colaborar com todo o processo investigatório", afirma no texto.

O senador Lindbergh Farias (PT-RJ) reclamou do fato de não ter recebido informações sobre sua situação e disse que vai provar que não tem nenhuma ligação com o escândalo da Petrobras.

"Quero lamentar que divulguem uma lista como essa sem a divulgação para nós mesmos dos fatos. Por que isso é ruim? Porque acaba juntando no mesmo balaio pessoas que receberam dinheiro, propina e pessoas que entram sem saber o motivo ou por doação legal de campanha", reclamou. "É muito perigoso porque tem quase um clima de condenação antecipada. Mas estou tranquilo, é o início de uma investigação. Não se pode confundir isso com culpa. Quero separar o joio do trigo. Quem estiver envolvido, tem que pagar. Mas não é o meu caso, e vou provar isso."

O líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE) também disse, em nota, que recebeu com "surpresa e indignação a inclusão do seu nome" na lista. O senador reiterou "a lisura de sua conduta e de sua vida pública e que todas as doações que recebeu em campanhas eleitorais de que participou foram legais, auditadas, julgadas e aprovadas pela Justiça Eleitoral".

Já o senador Edison Lobão (PMDB-MA) pediu que o advogado Antonio Carlos de Almeida, o Kakay, falasse em seu nome. Kakay disse que Lobão não pode se manifestar porque ainda não sabe que denúncia existe contra ele. "Não tivemos acesso a nenhum tipo de acusação contra o senador Lobão. Espero que me deixem falar minimamente do assunto. Não tem nem defesa ainda, porque não sabemos o que é", disse Kakay, que também responde pela defesa da ex-governadora do Maranhão Roseana Sarney.

A assessoria do senador Romero Jucá (PMDB-RR) disse que "o senador só vai se pronunciar quando tiver acesso à petição" e o vice-governador da Bahia, João Leão (PP) criticou o que chamou de "pirotecnia nessa operação". "Eu não sei como saí nisso aí (lista). Eu não tenho absolutamente nada a ver com isso. Botaram meu nome aí e agora começo a achar que deve haver outros inocentes como eu."

Os senadores Fernando Collor e Valdir Raupp não retornaram os contatos até o fechamento desta edição. Os ex-deputados Cândido Vacarezza (PT-SP), Aline Correa (PP-SP), João Pizolatti (PP-SC) e Dilceu Sperafico (PP-PR) também não foram encontrados.