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Na contramão de NY, Bovespa sobe com Petrobras e exportadoras

25/03/2015 18h01


Depois de dois dias de baixas moderadas, a Bovespa ignorou a queda das bolsas americanas e a piora do cenário político doméstico e fechou em alta nesta quarta-feira, sustentada pelas ações da Petrobras, siderúrgicas e exportadoras. Operadores relataram forte fluxo de compras por parte de investidores estrangeiros.

Lá fora, a Grécia voltou a preocupar depois que o Banco Central Europeu (BCE) recomendou aos bancos gregos que não elevem sua exposição à dívida soberana. Além disso, autoridades do ministério de Finanças da zona do euro chegaram ao entendimento de que a Grécia não tem direito legal ao socorro 1,2 bilhão de euros do fundo de resgate do bloco, recursos que o governo grego alega que haviam sido separados de suas reservas cambiais para a recapitalização de bancos.

No ambiente político, a Câmara aprovou ontem projeto que dá 30 dias para a presidente Dilma Rousseff regulamentar lei sancionada em novembro, que reduz a dívida de Estados e municípios. O texto segue agora para o Senado. A decisão foi considerada uma derrota para Dilma. No começo da tarde, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), mandou um recado ao Planalto, afirmando que nem mesmo um veto de Dilma serás capaz de barrar o projeto. No fim da tarde, o Palácio do Planalto anunciou a demissão do ministro da Secretaria da Comunicação Social (Secom), Thomas Traumann. A saída já era esperada e acontece após o vazamento de um documento interno da Secom com críticas à comunicação do governo.

O Ibovespa fechou em alta de 0,68%, aos 51.858 pontos, com bom volume, de R$ 7,431 bilhões. Segundo operadores, investidores estrangeiros voltaram a atuar com força na ponta compradora.

Dados da BM&FBovespa mostram que os estrangeiros compraram mais de R$ 2 bilhões em ações na bolsa brasileira em seis pregões, entre os dias 16 e 23. Apenas na segunda-feira, os estrangeiros aplicaram R$ 400,9 milhões. Analistas lembram que o Ibovespa ajustado pelo dólar está hoje na casa dos 16.500 pontos, cerca de 10% acima da mínima de 15 mil pontos registrada no dia 13 e muito próximo dos níveis registrados em março de 2009 - período pós-crise financeira mundial -, o que deixa o mercado local bastante atraente do ponto de vista do estrangeiro.

Na máxima do dia, o Ibovespa alcançou os 52.318 pontos (1,57%). Segundo o analista técnico da Clear Corretora, Raphael Figueredo, o índice voltou a testar a importante resistência nos 52.500 pontos. "O mercado está testando de novo os vendidos. Se eles perderem força, vamos abrir uma porta para a alta importante", afirma. Vencida a resistência, a próxima parada do índice deverá ser na casa dos 55 mil pontos, projeta o analista. Para baixo, o primeiro suporte está nos 50.700 pontos, cuja perda joga o Ibovespa de volta para os 48.700 pontos.

Petrobras PN (4,79%) e ON (5,19%) puxaram os ganhos entre as ações de maior peso do índice. O Valor PRO, serviço de notícias em tempo real do Valor, apurou que conselho de administração da Petrobras vai discutir amanhã os balanços referentes ao terceiro e quarto trimestres de 2014. Os documentos, no entanto, dificilmente serão aprovados no encontro, segundo fonte próxima à estatal.

O analista Lauro Vilares, da Guide Investimentos, lembra que a estatal também pegou carona na forte alta do petróleo no mercado internacional. Os contratos da commodity avançaram mais de 2% em Londres (Brent) e 3% em Nova York (WTI).

No topo do Ibovespa, além de Petrobras, figuraram siderúrgicas e exportadoras, que pegaram carona na alta de 2,5% do dólar: Usiminas PNA (6,59%), CSN ON (4,45%), Gerdau PN (2,29%), Fibria ON (4,94%) e Suzano PNA (4,61%).

O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) negou o pedido da CSN para participar como acionista minoritária no Conselho de Administração da Usiminas. A decisão foi tomada por despacho do procurador-geral do órgão antitruste, Victor Rufino. "É um pedido de levantamento pontual e excepcional de fim de uma obrigação firmada com o Cade de não exercer direitos políticos numa assembleia da Usiminas", disse Rufino.

Ele referiu-se à medida preventiva imposta pelo próprio Cade, em abril de 2012, para impedir a CSN de indicar membros aos conselhos de Administração e Fiscal da Usiminas. Na época, a medida foi tomada porque os conselheiros temiam a interferência da CSN na Usiminas e queriam garantir a concorrência entre as empresas que disputam o mercado de aços.

Ainda em relação à Usiminas, o fundo de investimentos Multimercado Crédito Privado LS Investimento no Exterior, administrado pelo BTG Pactual, encaminhou à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) uma solicitação para adiamento ou interrupção do curso do prazo da assembleia extraordinária da Usiminas. A assembleia foi convocada para o dia 6 de abril, a pedido dos minoritários, liberados pelo fundo L Par, que reúne os recursos do investidor Lirio Parisotto. O investidor quer se eleger para a presidência do conselho da siderúrgica mineira.

Na ponta negativa do Ibovespa ficaram Energias do Brasil ON (-3,29%), Even ON (-3,09%) e Marfrig ON (-2,58%).