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Dólar e Ibovespa seguem desvalorização dos mercados no exterior

26/03/2015 13h28


A aversão ao risco predomina nos mercados domésticos e internacionais nesta quinta-feira. A intensificação dos conflitos no Oriente Médio, em especial no Iêmen, faz o petróleo avançar, enquanto as bolsas devolvem ganhos, principalmente na Europa.

No Brasil, os investidores dividem as atenções entre o Relatório de Inflação do Banco Central e a Pesquisa de Emprego do IBGE. Também está no radar uma nova investigação de corrupção pela Polícia Federal, desta vez no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), e a reunião do conselho de administração da Petrobras para discutir o balanço.

Internacional

Os mercados de renda fixa e, especialmente, os de renda variável sentiram os efeitos do aumento de aversão a risco nesta quinta-feira, decorrentes da situação de segurança no Oriente Médio e de sinais conflitantes quanto à economia dos EUA - dados que apontam enfraquecimento da atividade, ainda que transitório, no primeiro trimestre e indicações de que o Federal Reserve se aproxima do início da normalização da política monetária, com a chance de aumento de juros logo e m junho.

O presidente do Fed de Atlanta, Dennis Lockhart, com direito a voto no Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês), sugeriu hoje que um aumento de juros em junho não está fora da mesa. Segundo ele, as reuniões deste verão [no hemisfério norte] estarão abertas à possibilidade de aumentos da taxa de referência. Com as declarações de Lockhart, os rendimentos dos títulos do Tesouro dos Estados Unidos (Treasuries) de 10 anos avançavam para 1,975%ao ano, ante 1,920% ao ano do fim do dia anterior, enquanto os de 30 anos subiam a 2,562% ao ano, ante 2,501% ao ano na mesma base de comparação.

As bolsas de Nova York estendem as perdas pela quarta sessão consecutiva, com o Dow Jones em baixa, às 13h14, de 0,03%, aos 17.713 pontos. O S&P 500 operava estável, aos 2.061 pontos, e o Nasdaq recuava 0,11%, aos 4.871 pontos.

Na Europa, no mesmo horário, o DAX, de Frankfurt caía 0,52%, aos 11.811 pontos, o CAC 40, de Paris,cedia 0,64%, aos 4.990 pontos, e o FTSE 100, de Londres, caía 1,26%, aos 6.902 pontos.

Os preços do petróleo seguem em alta nesta quinta-feira, embora tenham restringido os ganhos observados mais cedo na sessão, em meio ao aumento da percepção de risco quanto ao Oriente Médio, com o envolvimento da Arábia Saudita no conflito civil de seu vizinho ao sul, o Iêmen, por meio de ataques aéreos ao país, após a fuga do presidente iemenita Abed Rabbo Mansour Hadi e o avanço de milícias apoiadas pelo Irã.

O maior receio é de que o Iêmen - em prolongada crise quanto a seu controle político, como a Líbia - possa também se tornar um território livre para a atuação de grupos extremistas, como a Al-Qaeda - e desta vez, bem ao lado do maior exportador mundial de petróleo.

Bolsa

A Bovespa cai forte nesta quinta-feira, com o aumento da aversão ao risco no mundo após a intensificação dos conflitos no Iêmen, o que preocupa principalmente o mercado de petróleo. As notícias domésticas também não ajudam, com perspectivas piores do Banco Central no Relatório Trimestral de Inflação, aumento do desemprego na medição do IBGE em fevereiro, além de uma nova investigação da Polícia Federal sobre corrupção, desta vez no Conselho Administrativo de Re cursos Fiscais (Carf).

Às 13h30, o Ibovespa recuava 2,06%, para 50.789 pontos, com volume de R$ 2,7 bilhões. "Tivemos uma abertura de pregão complicada. As bolsas estão caindo forte na Europa e moderadamente nos Estados Unidos. Aqui tivemos um conjunto de fatores externos e internos pesando sobre o mercado", resume o especialista em bolsa da Icap Brasil, Rogério Oliveira. "Faltam notícias positivas para que o mercado volte a subir e consiga vencer resistências gráficas importantes", afirma.

Entre as principais ações do Ibovespa, Petrobras PN (-3,25%) lidera as perdas, seguida por Itaú PN (-2,28%), Bradesco PN (-2,25%) e Vale PNA (-1,47%).

Investidores monitoram a reunião do conselho de administração da Petrobras. Segundo apurou o Valor, o colegiado deve discutir hoje os balanços referentes ao terceiro e quarto trimestres de 2014. Os números, no entanto, não deverão ser aprovados no encontro. Os conselheiros também deverão discutir a forma de reportar, no demonstrativo financeiro, a baixa nos ativos devido aos efeitos do esquema de corrupção interna na companhia, e os trabalhos em andamento das comissões internas de apuração de irregularidades.

Apenas duas das 68 ações do Ibovespa resistem em alta: Fibria ON (1,40%) e Duratex ON (0,83%). O Bank of America Merrill Lynch (BofA) elevou os preços-alvo das ações das empresas de papel e celulose Suzano, Klabin e Fibria e reiterou a recomendação de compra.

Segundo os analistas do banco, a decisão foi motivada, entre outros fatores, por uma avaliação de atratividade, pelo cenário de ganhos fortes, com as margens rompendo novas máximas ao longo do ano. Também pesou a perspectiva de depreciação do real, o que pode levar a uma "significativa geração de caixa livre".

Na ponta negativa do Ibovespa estão Kroton ON (-6,30%), Braskem PNA (-6,03%), Eletrobras ON (-5,63%) e Sabesp (-5,25%). O ministro interino da Educação, Luiz Cláudio Costa, sinalizou ontem, durante audiência na Câmara dos Deputados, que o governo não vai garantir novas vagas dentro do Financiamento Estudantil (Fies) no segundo semestre.

Ao ser questionado sobre o volume da oferta de vagas novas para 2015, ele disse apenas que, até o momento, 201 mil estão reservadas, mas que ainda não há definição sobre uma eventual nova rodada na segunda metade do ano. Em 2014, o governo disponibilizou 730 mil contratos novos.

Câmbio

O dólar segue mostrando volatilidade e já oscilou entre quedas e altas em diversos momentos desta quinta-feira, operando no momento em baixa moderada. As oscilações têm acompanhado os vaivém dos preços da moeda também no exterior, em meio a comentários de um dirigente do Federal Reserve sobre o "timing" do aperto monetário nos EUA, dados mais fortes no país e a escalada de tensões geopolíticas no Oriente Médio.

Do lado doméstico, a leitura é que, embora os riscos de uma nova disparada da cotação tenham diminuído, o fim da "ração" diária de swaps cambiais e a própria queda recente da moeda abrem espaço para uma nova correção para cima, de forma sustentada. "O exterior tem ajudado, mas não dá para se ignorar o risco de uma virada de cenário lá fora. E acho bem provável nesse cenário o dólar caminhar para os R$ 3,40, pelo menos", diz o profissional de uma corretora.

Às 13h25, o dólar comercial caía 0,45%, para R$ 3,1894. O dólar para abril recuava 0,39%, a R$ 3,1950. O euro se depreciava 0,81%, a R$ 3,4859. No exterior, o Dollar Index subia 0,27%.

Juros

Os juros futuros operam em alta nesta quinta-feira, influenciados pela recuperação dos rendimentos dos Treasuries no exterior, após novas sinalizações de que os Estados Unidos podem dar início ao aperto em sua política monetári a ainda neste semestre.

No Brasil, as atenções do mercado se voltam para o Relatório Trimestral de Inflação. De modo geral, analistas consideraram que o documento veio em linha com o esperado e mostrou um Banco Central construindo uma narrativa para reforçar argumentos que endossem o discurso de que a inflação irá para a meta em 2016.

Também foi interpretado que o BC tornou a sinalizar que o fim do ciclo de alta de juros está próximo, ainda que suba a Selic no próximo encontro do Copom nos dias 28 e 29 de abril.

Às 13h26, o DI janeiro de 2016 tinha taxa de 13,561% ao ano, contra 13,529% ao ano no ajuste anterior. O DI janeiro de 2017 subia para 13,480% ao ano, frente a 13,399% ao ano no último ajuste. O DI janeiro de 2021 avançava a 13,070%ao ano, ante 12,949% ao ano no ajuste da véspera.