Índice de Confiança da Indústria atinge menor nível em seis anos
Os empresários da indústria estão ainda mais pessimistas com a situação dos negócios no setor por causa do enfraquecimento da demanda, de acordo com a "Sondagem da Indústria da Transformação", da Fundação Getulio Vargas (FGV).
Em março, o Índice de Confiança, que sintetiza a pesquisa, caiu 9,2% na comparação com fevereiro, ao passar de 83 para 75,4 pontos, o menor nível desde janeiro de 2009, quando atingiu 74,1 pontos. Na comparação com março do ano passado, a queda é de 21,2%.
O recuo de 9,2% é mais acentuado que o de 8,2% mostrado pela prévia da sondagem, divulgada na semana passada.
"A queda da confiança em março foi a mais intensa e disseminada setorialmente desde novembro de 2008, retratando um setor extremamente insatisfeito com a situação atual dos negócios e pessimista em relação à possibilidade de recuperação no horizonte de três a seis meses. O ganho potencial de competitividade externa com a desvalorização do real passa a concentrar as atenções do setor como uma válvula de escape para compensar em parte o cenário doméstico desfavorável", afirmou, em nota, Aloisio Campelo Jr., superintendente adjunto para Ciclos Econômicos da FGV/Ibre.
A queda em março foi determinada tanto pelas avaliações sobre o momento presente quanto pelas expectativas em relação aos meses seguintes: o Índice da Situação Atual (ISA) caiu 10,4%, para 75,3 pontos, o menor nível desde julho de 2003, quando foi de 70,4. O Índice de Expectativas (IE) caiu 7,8%, passando a 75,5 pontos, o menor desde fevereiro de 2009, quando era de 73,3.
O indicador que mede o grau de satisfação com o nível de demanda exerceu a maior influência na queda do ISA, ao recuar 16,4% entre fevereiro e março, atingindo 67,3 pontos, o menor nível desde julho de 2003 (66,2 pontos). A proporção de empresas avaliando o nível de demanda como "forte" diminuiu de 7,4% para 2,6%, enquanto a parcela de empresas que o avaliam como "fraco" aumentou de 26,9% para 35,3%.
O destaque negativo do Índice de Expectativas foi o indicador que mede o grau de otimismo quanto à evolução da situação dos negócios nos seis meses seguintes, que recuou 12,5%, para 84,8 pontos, o menor desde março de 2009 (82,8). Em relação a fevereiro, houve aumento na proporção de empresas prevendo melhora da situação dos negócios, de 19,8% para 20,7%, mas a parcela das que projetam piora aumentou em maior proporção, de 22,9% para 35,9%.
Por fim, a indústria ficou ainda mais ociosa em março. O Nível de Utilização da Capacidade Instalada (Nuci) diminuiu 1,2 ponto percentual na comparação com fevereiro, ao passar de 81,6% para 80,4%, a menor marca desde julho de 2009, quando chegou a 79,9%.
A atual edição da sondagem coletou informações de 1.141 empresas entre os dias 3 e 26 deste mês.
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