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Juros futuros acompanham câmbio e recuam, após dados fracos nos EUA

06/04/2015 16h35


As taxas dos juros futuros encerraram em queda nesta segunda-feira, acompanhando o alívio no câmbio após os dados econômicos mais fracos nos Estados Unidos, que contribuíram para trazer um alívio para os mercados emergentes, com os investidores apostando em uma postergação da alta da taxa de juros nos EUA.

O DI para janeiro de 2016 recuava para 13,33% ante 13,37% do ajuste do pregão anterior. Já o DI para janeiro de 2021 mais sensível a movimentos de aversão a risco, caía para 12,69% de 12,78% do fechamento anterior.

Apesar dos analistas terem elevado a projeção para a inflação neste ano, de 8,13% para 8,20%, de acordo com a mediana das projeções reunidas no último Boletim Focus divulgado hoje, os dados fracos da atividade doméstica têm limitado um aumento dos prêmios de risco na curva de juros.

Na BM&F, as apostas de alta da taxa Selic para a próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) estavam divididas entre um aumento de 0,25 ponto percentual e 0,5 p.p. "O nível de atividade já está muito rim e não adianta subir mais a taxa de juros", afirma Paulo Petrassi, sócio-gestor da Leme Investimentos, que espera que a inflação atinja o pico de 1,40% no mês em abril e comece a recuar. Para ele, a alta refletida na curva de juros para taxa Selic, acima de 13% para o fim deste ano, parece exagerada e vê espaço para um recuo nos prêmios de risco se o cenário externo continuar favorável e as incertezas no mercado interno, principalmente do lado fiscal, começarem a se dissipar. "Acho que o BC deveria subir a taxa Selic em mais 0,25 ponto percentual em abril e parar para observar os efeitos defasados do ciclo de aperto monetário", afirma Petrassi.

Um dos fatores que têm contribuído para a redução dos prêmios de risco embutidos na curva de juros é o alívio recente na taxa de câmbio. Depois do real liderar as perdas frente ao dólar no primeiro trimestre, a moeda americana acumula em abril uma queda de 2,53%.

Para Petrassi, o alívio verificado recentemente na taxa de câmbio reflete apenas uma correção pontual, dado o cenário mais favorável no exterior, mas a tendência é de desvalorização, vendo uma boa oportunidade de compra com um dólar abaixo de R$ 3,10. "O déficit em conta corrente ainda está muito alto e precisa se ajustar. Além disso, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, ainda deve enfrentar muita resistência no Congresso para aprovar as medidas de ajuste fiscal", afirma.

Lá fora, o dólar operava em queda frente às principais divisas após os dados mais fracos que o esperado do mercado de trabalho nos Estados Unidos. Os dados do "payroll" de março, divulgados na última sexta-feira, vieram piores do que o esperado, apontando a criação de 126 mil postos de trabalho (a expectativa era de 245 mil), além de apresentar revisão para o mês de fevereiro, de 295 mil para 264 mil. A taxa de desemprego se manteve estável em 5,5%, em linha com o esperado.

Já o índice dos gerentes de compras do setor de serviços dos Estados Unidos divulgado hoje mostrou uma queda para 56,5 pontos, abaixo da previsão dos analistas que esperavam 56,9 pontos.