Poupança tem em março a maior retirada mensal desde 1995
A caderneta de poupança voltou a registrar retirada recorde de recursos em março e marcou o pior trimestre da série histórica, iniciada em 1995. Os saques superaram as entradas em R$ 11,438 bilhões no mês passado, de acordo com dados do Banco Central (BC). Esse é o maior saque mensal da série e se soma às retiradas de R$ 6,263 bilhões em fevereiro e de R$ 5,528 bilhões em janeiro. Com isso, o saldo no ano é negativo em R$ 23,230 bilhões.
O resultado não foi ainda pior em função de uma entrada líquida de R$ 3,126 bilhões no último dia útil do mês, pois até o dia 30 as saídas somavam R$ 14,564 bilhões.
Em março do ano passado, a captação tinha sido de R$ 1,789 bilhão. Em 2014, a poupança captou R$ 24,034 bilhões, menor captação líquida desde 2011, após o recorde de R$ 71,047 bilhões de 2013.
Entre os fatores que ajudam a explicar o saque estão a inflação elevada, menor crescimento da renda do trabalhador e maiores gastos com tarifas e combustíveis neste começo de ano. A continuidade do movimento de alta da Selic também tira atratividade da caderneta.
Os saques também tendem a acentuar a preocupação que bancos têm manifestado a respeito dos efeitos para o crédito habitacional, conforme mostrou reportagem do Valor no mês passado. A Caixa Econômica Federal, por exemplo, já tem se utilizado de recursos das Letras de Crédito Imobiliário (LCI) como lastro para operações de financiamento da casa própria - o que pressiona o custo do empréstimo. Os bancos são obrigados a destinar ao menos 65% da captação da poupança para empréstimos habitacionais, sendo que pelo menos 80% desse montante precisa ser emprestado para compra de imóveis de até R$ 650 mil.
Como o saque ultrapassou o rendimento de R$ 3,538 bilhões, o patrimônio total da poupança caiu de R$ 658,190 bilhões em fevereiro para R$ 650,290 bilhões no mês passado. Esse é o terceiro mês consecutivo de perda de patrimônio.
Os bancos que aplicam recursos da caderneta em crédito imobiliário mostraram resgate líquido de R$ 9,201 bilhões no mês passado (SBPE). E as instituições que destinam os recursos para o crédito rural registraram saída líquida de R$ 2,237 bilhões (SBPR).
Desde o fim de agosto de 2013, a poupança voltou a ser remunerada pela "fórmula antiga" de 0,5% ao mês mais TR. Pela regra atual, se a Selic voltar a ficar abaixo de 8,5% ao ano, o rendimento será equivalente a 70% da taxa básica de juros.
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