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Dólar cai a R$ 3,05 após Fed e com alívio em risco político no Brasil

08/04/2015 17h39


O cenário de menor aversão a risco no exterior, em meio a apostas de que o Federal Reserve pode indicar uma postergação do aperto monetário nos Estados Unidos, e a melhora do risco político no mercado local levaram o dólar a fechar em forte queda frente ao real, que liderou os ganhos em relação à moeda americana entre as principais divisas.

O dólar comercial caiu 2,50% e fechou a R$ 3,0558, menor patamar em pouco mais de um mês, desde 6 de março. Já o euro recuava 2,57% para R$ 3,2960.

No mercado futuro, o contrato para maio recuava 2,47% para R$ 3,074.

A ata da última reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) divulgada hoje reforçou a percepção de que o Federal Reserve não deve aumentar a taxa básica de juros tão cedo e esse processo deve se dar de forma "razoavelmente gradual". Os membros do Fomc se mostraram divididos sobre o aumento da taxa de juros em junho e destacaram que a política monetária continuaria altamente acomodatícia após a primeira elevação. Para o economista-chefe do Banco Safra , Carlos Kawall, o Fed tem mostrado sinais de que continua determinado em subir a taxa de juros neste ano, mas isso deve acontecer a partir de setembro.

Lá fora, o dólar caía frente as principais divisas, recuando 0,82% em relação ao dólar australiano, 0,69% diante do rand sul-africano , 0,32% em relação à lira turca e 0,19% diante do peso mexicano.

O movimento no mercado local, contudo , foi intensificado pela melhora da percepção do risco político com a sinalização de um avanço na relação do governo com a base aliada, importante para a aprovação das medidas de ajuste fiscal e para evitar um rebaixamento do rating soberano brasileiro.

O mercado recebeu positivamente o fato da presidente Dilma Rousseff ter escolhido o vice-presidente da República, Michel Temer, presidente nacional do PMDB, para ser responsável pela articulação política do governo. Para o economista -chefe do Banco Fator, José Francisco de Lima Gonçalves, isso é um fator importante, seja porque ele pode ser mais hábil para conduzir as negociações com o Congresso e também tem mais poder do ponto de vista político, sinalizando uma melhora da relação com a base aliada do governo. "O mercado está tirando um pouco o risco político do preço, uma vez que havia um pouco de exagero", afirma um operador de um grande banco nacional.

Hoje o Banco Central divulgou o fluxo cambial que encerrou março positivo em US$ 2,003 bilhões, resultado de uma entrada líquida de US$ 2,074 bilhões na conta financeira e déficit de US$ 75 milhões na conta comercial, segundo dados do Banco Central.

Em abril, até o dia 2, o fluxo cambial estava negativo em US$ 807 milhões. No ano, o saldo cambial está positivo em US$ 3,957 bilhões. Com o saldo cambial positivo em março, os bancos reduziram a posição vendida em dólar no mercado à vista de US$ 25,868 bilhões em fevereiro para US$ 23,830 bilhões no mês passado.

Em março, o BC recomprou US$ 1,3 bilhão referente a leilões de linha de dólar com compromisso de recompra. No dia 2 de abril, a autoridade monetária ainda liquidou a venda de US$ 200 milhões referentes a leilões de linha de dólar.

Hoje o BC seguiu com a rolagem do lote de US$ 10,115 bilhões de contratos de swap cambial que vence em maio e renovou hoje mais 10.600 contratos, cuja operação somou US$ 513,8 milhões. Se mantiver o mesmo ritmo, o BC deverá rolar US$ 10,070 bilhões, praticamente o lote integral dos US$ 10,115 bilhões em swaps cambiais que vence mês que vem.