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Bovespa tem alta com ajuda de Petrobras, apesar da pressão dos bancos

09/04/2015 17h55


O Ibovespa oscilou pouco hoje, apenas 1,3% entre a máxima e a mínima do dia, mas suas principais componentes foram aos extremos. Petrobras subiu mais de 9% na expectativa de divulgação do balanço de 2014 na próxima semana. E as ações de bancos ficaram entre as principais baixas do dia, com rumores de aumento de impostos e um relatório de um grande banco estrangeiro com mudança de recomendação dos papéis.

A mudança na perspectiva do rating soberano pela Fitch, de estável para negativa, não chegou a influenciar a Bovespa. Um analista lembrou que a Fitch foi a última das três grandes agências a revisar o rating brasileiro.

A S&P havia reduzido a nota do Brasil em março do ano passado, para "BBB-", rating que ainda é grau de investimento, mas está apenas um nível acima do grau especulativo, ou "junk", na linguagem do mercado. Já Moody's e Fitch mantêm a nota brasileira dois níveis acima de "junk", mas a Moody's já havia alterado a perspectiva do rating para negativa em setembro do ano passado.

"Agora, a Fitch se iguala à Moody's. De certa forma, a Fitch também dá um recado ao governo, de que os números estão ruins, mas que dará um ?voto de confiança' ao [ministro Joaquim] Levy por mais alguns meses", comentou a fonte.

O Ibovespa fechou em alta de 0,26%, aos 53.802 pontos, com bom volume de R$ 7,465 bilhões. Petrobras ON (9,28%) e PN (9,05%) lideraram os ganhos, seguidas de longe por Rumo Logística (4,48%), Marcopolo PN (4,21%) e Fibria ON (4,18%).

Os papéis da Petrobras avançaram na expectativa de que o balanço de 2014 seja divulgado até o dia 17. O Valor apurou que a estatal se sente mais confortável, após consultas à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e à Securities and Exchange Commission (SEC), sobre a contabilização. A consulta obedeceu a orientação da auditoria PricewaterhouCoopers, que em janeiro informou que a empresa não poderia dar baixa nos ativos sem "entendimento prévio" com os reguladores.

Também animou o mercado a declaração da presidente Dilma Rousseff, de que a companhia saiu da crise e "tomou o rumo". "Quero dizer a vocês que têm a vida ligada a nossa maior empresa, que a Petrobras limpou o que tinha que limpar e está de pé. A empresa já deu a volta por cima e mostrou a que veio", afirmou a presidente durante a inauguração de um condomínio do Minha Casa Minha Vida em Duque de Caxias (RJ). A Petrobras é alvo há mais de um ano de investigação da Operação Lava-Jato da Polícia Federal, que apura irregularidades na estatal.

Os bancos ficaram entre as maiores baixas do Ibovespa: Banco do Brasil ON (-3,65%), Santander Unit (-2,42%), Bradesco ON (-2,07%), Itaú PN (-2,00%), Itaúsa PN (-1,87%) e Bradesco PN (-1,78%).

Ainda pela manhã, o setor reagiu ao relatório do Credit Suisse, que alterou a recomendação das ações de compra (outperform) para neutro. Segundo o relatório, a mudança se baseia em valuation (preço relativo dos papéis) e em uma relação de risco/retorno mais fraca. O banco lembra que as instituições financeiras têm mostrado as piores performances na América Latina em dólar desde seu último relatório, publicado em 21 de janeiro, já que a fraqueza da moeda acabou superando a performance positiva das ações em moeda local.

A casa também vê um balanço de riscos pior tanto na área operacional quanto na macroeconômica e prefere adotar uma visão mais conservadora para o segmento. Segundo o Credit Suisse, a deterioração mais rápida de projeções macroeconômicas no Brasil e os desenvolvimentos negativos ligados à cadeia de suprimentos da Petrobras se traduzem em um ambiente operacional mais desafiador.

Na hora do almoço começaram a circular rumores nas mesas de operações de que a Febraban teria sido informada de que o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, planeja aumentar a alíquota da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) dos bancos de 15% para 17%. O aumento do imposto poderia elevar a arrecadação em R$ 1,5 bilhão, segundo informação divulgada pela revista "Exame".

O estrategista da Guide Investimentos, Luis Gustavo Pereira, lembra que o clima no setor financeiro já andava tenso há algum tempo, após a Fitch divulgar um relatório alertando para "tempos difíceis". "O cenário sem dúvida é ruim. Esse rebaixamento de hoje do Credit Suisse já contempla os efeitos de uma economia mais fraca sobre o setor", afirma Pereira.

Segundo o relatório da Fitch divulgado recentemente, a lucratividade do setor diminuirá em 2015. A instituição avalia que o desempenho da maioria dos bancos brasileiros foi "relativamente bom" no quarto trimestre de 2014 e que ainda considera que há indicadores adequados.

"Entretanto, a Fitch acredita que a lucratividade do setor diminuirá em 2015, como resultado do aumento das despesas de provisionamento decorrente do fraco ambiente operacional", informa a agência, que também diz acreditar que "a queda será administrável".

No mês passado, a Fitch enviou representantes ao país para conversar com autoridades brasileiras com o objetivo de debater sobre a situação econômica local. O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, apresentou as medidas fiscais que estão sendo adotadas. A Fitch foi a segunda agência de classificação de risco a visitar a equipe econômica de Dilma Rousseff em março, logo após a Standard and Poor's (S&P). Hoje, a Fitch divulgou seu "veredicto": alterou a perspectiva do rating, de estável para negativa, mas manteve a nota do Brasil em "BBB".