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Juros fecham em alta refletindo movimento de correção

09/04/2015 16h45


As taxas dos contratos de juros futuros subiram nesta quinta-feira em movimento de correção, liderado principalmente pela taxas mais longas, que acompanham o movimento dos Treasuries.

O DI para janeiro de 2016 tinha taxa de 13,26% ante 13,22% do ajuste do pregão anterior, enquanto o DI para janeiro de 2021, mais sensível a movimentos de aversão a risco, avançava para 12,62% ante 12,53% do ajuste do pregão anterior.

Com a expectativa de que o ciclo de aperto monetário está próximo do fim, a grande dúvida no mercado é quando o Banco Central terá espaço para retomar o corte da taxa básica de juros no ano que vem após encerrar o aperto monetário.

Apesar da melhora da percepção de risco no curto prazo, principalmente com o alívio do câmbio e menor tensão no cenário político, os investidores ainda veem riscos à frente, diante de dúvidas sobre a capacidade do governo em promover um ajuste fiscal, o que reflete no aumento maior das taxas dos contratos de juros futuros a partir de janeiro de 2017. "O mercado já começa a questionar se o BC terá espaço para cortar a taxa básica de juros no primeiro trimestre do ano que vem", afirma o estrategista da Coinvalores Corretora Paulo Celso Nepomuceno. Na curva de juros, a maior probabilidade era de um corte da Selic acontecer apenas ao fim do primeiro trimestre de 2016.

Nesta quinta-feira, a Fitch revisou a perspectiva do rating "BBB" do Brasil de estável para negativa. "A notícia foi vista como algo positivo, pois ao não rebaixar o rating do Brasil, o governo ganha tempo para mostrar para o mercado que a política fiscal é crível", afirma Nepomuceno. Ele espera que o governo entregue um superávit primário de cerca de 1% do PIB, um pouco abaixo da meta para este ano que é de 1,25 do PIB.

Nepomuceno lembra que as agências costumam adotar um período regulamentar para a reavaliação de ratings soberanos que varia de 12 a 18 meses. A última ação da Fitch em relação ao rating soberano brasileiro foi em julho de 2014.

A revisão do rating soberano brasileiro pela Fitch era esperada pelo mercado, uma vez que a agência de classificação de risco mantinha a nota do Brasil um degrau acima do grau de investimento. Com isso, a Fitch se iguala a Moody's, que já mantinha uma perspectiva negativa para o rating do Brasil, que está pela agência um degrau acima do grau de investimento, enquanto a S&P reafirmou neste ano a nota de grau de investimento do país, mantendo a perspectiva estável.

A nomeação do vice-presidente, Michel Temer, presidente nacional do PMDB, como articulador político do governo foi bem recebida pelo mercado, embora ainda haja dúvidas se o Congresso vai apoiar a aprovação das medidas de ajuste fiscal.

Nesse ambiente, os prêmios de risco seguem em queda. A inflação implícita nas NTN-B com vencimento em 2017, uma das mais negociadas, caiu ontem a 6,36%, contra 6,46% no dia anterior. Foi a oitava queda consecutiva, que afastou a taxa implícita ainda mais da máxima de 7,52% alcançada em 13 de março, de 7,52%. Além disso, o juro nominal da NTN-B com vencimento em agosto de 2050 - um dos mais importantes termômetros da disposição do investidor em aplicar no longo prazo - recuou hoje a 6,08% no mercado secundário, menor patamar desde 2 de março, quando marcou 6,05%.