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Pão de Açúcar vai investigar contrato com Palocci

19/04/2015 18h45

A Companhia Brasileira de Distribuição (CBD), dona da rede de supermercados Pão de Açúcar, informou neste domingo que vai abrir investigação interna para apurar supostos pagamentos que ligam a empresa ao ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci.

Reportagem da revista "Época" publicada neste fim de semana informa que em 2010 Palocci teria recebido R$ 5,5 milhões em pagamentos feitos pelo escritório do ex-ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos. O dinheiro teria saído do caixa do Pão de Açúcar, passado pelo escritório de Thomaz Bastos e entrado na conta da Projeto, consultoria de Palocci.

Segundo a reportagem, em 2010 Palocci recebeu ao menos R$ 12 milhões em pagamentos considerados suspeitos pelo Ministério Público Federal. Além dos pagamentos feitos pelo escritório de Thomaz Bastos "supostamente em nome do Pão de Açúcar, os procuradores avaliaram como suspeitos os pagamentos do frigorífico JBS e da concessionária Caoa", diz o texto da revista "Época".

Palocci é investigado na Operação Lava-Jato, que apura suposto esquema de desvio de recursos da Petrobras.

No caso do Pão de Açúcar, a CBD teria interesse em pagar a Palocci para que ele ajudasse na fusão entre o grupo de Abilio Diniz e as Casas Bahia, mas não há registros de serviço que tenha sido prestado por ele no negócio, de acordo com a reportagem. A consultoria Estáter, contratada para assessorar a fusão, informou à revista que Palocci não teve participação no negócio.

A CBD foi procurada pela revista "Época", mas não se pronunciou sobre o assunto. Neste domingo, o grupo decidiu emitir comunicado informando que o conselho de administração "não tinha informação sobre a existência dos pagamentos", que teriam sido feitos antes da aquisição do controle da companhia pelo Grupo Casino, em julho de 2012.

O conselho da CBD se reuniu e "deliberou por unanimidade solicitar ao Comitê de Auditoria que dê início a uma investigação" sobre "a suposta existência e a origem dos pagamentos realizados" e, caso confirmados, que verifique a quais serviços eles corresponderam e a cadeia de aprovações de tais pagamentos, informa a o comunicado. "Uma vez encerrada a análise dos fatos, a Companhia Brasileira de Distribuição voltará a informar ao mercado e, se for o caso, às autoridades."