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Bovespa renova máxima do ano após balanço da Petrobras

23/04/2015 18h00


A divulgação do balanço da Petrobras destravou o mercado brasileiro nesta quinta-feira, levando o Ibovespa a alcançar seu maior nível desde novembro do ano passado, justamente quando a operação Lava-jato atingiu seu pico, o que obrigou a estatal a adiar a publicação do resultado do terceiro trimestre em mais de cinco meses.

As ações preferenciais e ordinárias da Petrobras registraram forte volatilidade ao longo do dia - as PNs chegaram a cair mais de 9%, enquanto as ON bateram máxima de mais de 6% - e terminaram o pregão em direções opostas. O tom positivo que o mercado brasileiro ganhou hoje refletiu-se principalmente nas ações da Vale e das siderúrgicas, que avançaram de olho na recuperação do preço do minério de ferro e no resultado melhor que o esperado apresentado pela Usiminas no primeiro trimestre.

O Ibovespa fechou em alta de 1,95%, aos 55.684 pontos, no nível mais elevado desde 21 de novembro de 2014 (56.084 pontos). O volume financeiro foi expressivo, de R$ 9,381 bilhões. Cifras de quase R$ 10 bilhões em um único pregão - descontando os dias com vencimento de opções - não eram vistas desde outubro do ano passado, quando a especulação eleitoral agitou a bolsa brasileira. Apenas as ações da Petrobras responderam por R$ 3,4 bilhões ou 36% do volume total.

Após uma dezena de relatórios, teleconferências e análises das mais diversas, as ações ON da Petrobras fecharam em alta de 5,63%, para R$ 14,06, enquanto a ação PN caiu 1,52%, para R$ 12,92. Segundo operadores, o comportamento desigual dos papéis da Petrobras está diretamente relacionado ao fato da companhia ter anunciado que não pagará dividendos relativos ao exercício de 2014, contrariando a expectativa do mercado de que houvesse ao menos o pagamento do dividendo mínimo às ações PN.

"Havia uma aposta no mercado de dividendo mínimo. Muita gente alugou e vendeu ação ON e comprou PN antes do balanço em cima dessa expectativa. Como a Petrobras disse que não vai pagar nada, agora o mercado está desmontando essa aposta, recomprando a ON para liquidar o aluguel e se desfazendo das PNs", explicou um operador que acompanha o mercado de aluguel de ações.

Entre as demais ações de maior peso dentro do Ibovespa, o pregão foi positivo para os bancos - Itaú PN (2,71%), Bradesco PN (2,19%) e Banco do Brasil ON (3,42%) - e morno para Ambev ON (-0,36%).

Os destaques de alta do dia ficaram com Marcopolo PN (11,32%), Vale ON (8,43%), CSN ON (7,30%) Usiminas PNA (6,76%) e Vale PNA (6,56%). "O mercado hoje teve o auxílio luxuoso de Vale", disse o economista-chefe da Órama Investimentos, Álvaro Bandeira. Ontem as ações subiram quase 10%, após forte alta do preço do minério de ferro e de um recorde de produção no primeiro trimestre do ano.

Em relatório de hoje, o Bank of America Merrill Lynch (BofA) disse que os papéis da mineradora passaram por um "short squeeze" - zeragem de posições vendidas - ontem. Ao que tudo indica, o movimento continuou hoje. Além da notícia sobre o preço do minério, ajudou nos ganhos a informação de que a BHP Billiton decidiu adiar um projeto para expansão da capacidade de um porto utilizado para o escoamento de minério na Austrália Ocidental. Para o BofA, no entanto, ainda é cedo para pagar por um ciclo de recuperação do setor e os analistas continuam vendo fundamentos de mercado desafiadores. O banco mantém a recomendação underperform (abaixo do mercado) para as ações da Vale.

Já Usiminas divulgou hoje o balanço do primeiro trimestre do ano, que ficou acima do esperado por analistas, o que impulsionou as ações de outras siderúrgicas. A empresa saiu de lucro para prejuízo de R$ 247,5 milhões no trimestre. Analistas previam perdas de R$ 298 milhões no período. BofA e J.P. Morgan esperavam perdas ainda maiores, de R$ 894 milhões e R$ 341 milhões, respectivamente.

Entre as poucas baixas do dia ficaram Rumo Logística ON (-9,69%), PDG Realty ON (-3,70%) e Vivo PN (-2,63%). A Rumo fez apresentação a analistas pela manhã e anunciou investimentos de R$ 2,8 bilhões em expansão até 2016.