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Vale e Petrobras tem forte alta e Bovespa chega aos 58 mil pontos

05/05/2015 18h01


A Bovespa registrou seu terceiro pregão seguido de alta nesta terça-feira e alcançou a casa dos 58 mil pontos, no maior patamar desde setembro do ano passado. Petrobras e Vale voltaram a ser os carros-chefes do avanço da bolsa, mas hoje ganharam a companhia de Eletrobras.

A bolsa brasileira seguiu na contramão dos mercados internacionais graças à melhora da percepção de risco dos investidores em relação ao país, que continuou pautando os negócios hoje, com estrangeiros dominando a ponta compradora. Em abril, o saldo de capital externo alcançou R$ 7,6 bilhões, maior volume desde janeiro de 2012, o que explica boa parte da alta de 10% registrada pela bolsa no mês passado.

"O rali provavelmente só começou", afirma o gestor da NCH Capital, James Gulbrandsen. "Temos o efeito virtuoso do trabalho do [ministro Joaquim] Levy. Ele está mostrando que os ajustes fiscais são muito necessários. Com as medidas, o Levy está, na prática acionando catalisadores que impulsionarão a economia. Todos os fatores negativos de hoje - inflação alta, PIB negativo, entre outros - deverão ser revertidos nos próximos meses."

O Ibovespa fechou em alta de 1,22%, aos 58.052 pontos, com bom volume de R$ 8,057 bilhões. O índice ajustado pelo dólar - que é como o estrangeiro enxerga a bolsa brasileira - encostou nos 19 mil pontos (18.955) e voltou a ficar positivo no ano, com ganho acumulado de 0,68%. Em reais, a alta do Ibovespa já supera os 16% em 2015.

Entre as principais ações do Ibovespa, Vale PNA (5,18%) puxouos ganhos, seguida por Petrobras PN (4,20%), Ambev ON (1,34%), Bradesco PN (0,30%), enquanto Itaú PN devolveu 0,97%.

Assim como aconteceu com o balanço do Bradesco, os números do Itaú no primeiro trimestre, divulgados hoje, agradaram, porém o aumento das provisões para devedores duvidosos (PDD) foram fator de preocupação. O lucro contábil alcançou R$ 5,733 bilhões, com alta de 29,7%. A despesa com PDD também subiu 29,7%, para R$ 5,515 bilhões.

Já a Petrobras recebeu mais um relatório positivo do Bank of America Merrill Lynch. Segundo a casa, após encontro com executivos da empresa, os analistas saíram mais convencidos de que a empresa está procurando uma reengenharia para seu portfólio de ativos, para restaurar sua saúde financeira.

As ações da Vale seguiram na esteira da recuperação do preço do minério de ferro, embora analistas comentem que se trata apenas de um breve ajuste do mercado. O BTG Pactual diz, em relatório, estar pessimista em relação aos preços do minério ao menos até 2016, destacando que a demanda segue fraca e que as ofertas adicionais são substanciais. Hoje, o minério negociado no porto de Qingdao, na China, subiu 1,15%, para US$ 58,70.

Na ponta positiva do mercado ficaram Eletrobras PNB (13,70%), Eletrobras ON (12,01%) e Marfrig ON (9,97%). Segundo operadores, as ações da geradora reagiram à informação do Valor, de que a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) marcou para dia 19 de maio o julgamento de processo em que acusa a União por voto abusivo na aprovação da renovação das concessões da Eletrobras, no final de 2012.

A área técnica da CVM acusa a União de descumprir o artigo 115, parágrafo 1º da Lei das S. A., que diz que o acionista deve exercer o direito a voto no interesse da companhia, e que será considerado voto abusivo aquele exercido com o fim de causar dano à companhia, ou a outros acionistas ou a obter vantagem ou que possa resultar em prejuízo para a empresa ou outros acionistas. O ponto principal da acusação é que a adesão à renovação antecipada das concessões implicaria renúncia ao direito de contestação judicial da indenização, o que trouxe um benefício ao controlador, uma vez que a indenização prevista na MP 579 acabou sendo significativamente inferior ao valor que a empresa entendia ser devido, beneficiando a União.

Está será a primeira vez que a CVM se manifestará sobre os limites da atuação do Estado, enquanto controlador de sociedades de economia mista, no que diz respeito ao direito de voto em assembleias gerais - "um tema muito relevante, e ainda não enfrentado em precedentes pela autarquia" disse a diretora da CVM Luciana Dias, relatora do processo.

Na ponta negativa do mercado ficaram Kroton ON (-4,50%), Braskem PNA (-4,48%) e Souza Cruz ON (-4,04%). As ações da Kroton sentiram o corte promovido pelo governo na concessão do financiamento estudantil (Fies). Segundo o Ministério da Educação (MEC), foram concedidos 252 mil novos financiamentos do Fies neste ano até o dia 30 de abril, quando o governo encerrou as inscrições. No mesmo período do ano passado, foram concedidos 480 mil empréstimos para estudo. Outras ações do setor também recuaram: Ser ON (-5,37%), Anima ON (-2,50%) e Estácio ON (-2,51%).