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Bovespa fecha em queda afetada por Petrobras e bancos

19/05/2015 18h11


Notícias corporativas negativas fizeram a Bovespa recuar pelo segundo pregão seguido. Petrobras, siderúrgicas e bancos foram as ações mais penalizadas hoje. Operadores relataram um movimento de realização de lucros liderado por investidores estrangeiros, o que ajudou a ampliar as perdas nesses papéis. Do lado positivo do mercado ficaram frigoríficos e Embraer, que se beneficiam da série de acordos firmados entre Brasil e China hoje.

O Ibovespa fechou em baixa de 1,26%, aos 55.498 pontos, com volume de R$ 6,788 bilhões. Na mínima do dia, o índice bateu nos 55.027 pontos (-2,09%). "Você teve muita saída de estrangeiro, sem a contrapartida dos locais, o que fez alguns papéis desabarem", comentou um operador, lembrando que os estrangeiros foram os principais compradores da bolsa brasileira em abril, quando o Ibovespa marcou um rali de quase 10%.

"O fato é que se criou um bom humor exagerado em torno do Brasil. O mercado andou muito mais pelo apelo das medidas de ajuste apresentadas pelo governo do que pelo resultado delas até aqui", alerta o gerente de bolsa da Fator Corretora, Frederico Lukaisus. "Outro fato que causou distorção no mercado foi a expectativa pelo balanço da Petrobras. Agora, a bolsa está se ajustando."

Do ponto de vista gráfico, o Ibovespa dá sinais de fraqueza, mas ainda não aponta claramente para uma realização mais forte. "Estamos em um cenário de indecisão. Tenho uma leve preocupação se o Ibovespa ficar abaixo dos 54.970 pontos. O mercado pode começar a realizar mais forte até os 53.500 pontos", afirma o analista técnico da Clear Corretora, Raphael Figueredo. Para ele, o índice afastaria o perigo de uma correção se recuperasse a linha dos 56.200 pontos.

Entre as principais ações do Ibovespa, Petrobras PN (-6,31%) e ON (-6,07%) ficaram entre as maiores baixas do dia. Os bancos também registraram perdas, embora menos expressivas: Itaú PN (-1,40%), Bradesco PN (-1,46%), Santander Unit (-1,27%) e Banco do Brasil ON (-2,95%). Todos elas deram continuidade às perdas iniciadas ontem, com exceção de Vale PNA (-0,53%) e ON (-0,59%), que caíram bem menos hoje. No caso dos bancos, a possibilidade de aumento de impostos continua na pauta. Já Petrobras sofreu com releituras sobre o balanço do primeiro trimestre, especialmente no que diz respeito ao elevado grau de alavancagem da companhia.

O Itaú BBA destacou em relatório que a expectativa de geração de caixa para este ano é desafiadora e cita a revisão das projeções de caixa operacional pela estatal, de US$ 23 bilhões para US$ 25 bilhões, apesar de não mudar as premissas de câmbio e preço do barril de petróleo. O Itaú também comentou a falta de uma meta de redução de custos de operação e manutenção durante a teleconferência da estatal para detalhar o resultado do primeiro trimestre deste ano. O banco ressaltou ainda a mudança no cenário positivo dos preços dos combustíveis importados. A expectativa, segundo o Itaú, é que os ganhos obtidos pela estatal com a defasagem dos preços internos da gasolina e diesel frente ao mercado internacional não se mantenham no segundo trimestre.

O mercado também reagiu mal à possibilidade o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, cobrar uma conta de R$ 20 bilhões da Petrobras. Segundo fontes ouvidas pela agência "Bloomberg", a cobrança seria decorrente da diferença entre o valor do barril usado na cessão onerosa em 2010 e o preço do combustível quando os campos do pré-sal foram declarados comerciais.

A lista de maiores baixas do Ibovespa também trouxe as siderúrgicas: CSN ON (-5,53%), Usiminas PNA (-3,66%), e Gerdau PN (-3,37%). A Usiminas anunciou que vai desligar temporariamente um alto-forno da usina de Cubatão (SP) e outro em Ipatinga (MG). O objetivo do ajuste é adequar a produção ao atual ritmo de demanda do mercado siderúrgico. O mercado teme que outras empresas sigam o mesmo caminho.

Na ponta positiva do mercado ficaram Hering ON (4,47%), JBS ON (4,26%), Embraer ON (3,92%) e Marfrig ON (3,21%). A Embraer fechou duas encomendas com empresas chinesas hoje, uma de 40 aviões do modelo 195 para a Hainan Airlines, no montante de US$ 1,3 bilhão, e outra de 20 jatos 195 e dois aviões do modelo 190 para a Tianjin Airlines, no valor de US$ 1,1 bilhão pelo preço de tabela.

Já os frigoríficos subiram após Brasil e China assinarem um protocolo sanitário que permitirá a retomada das exportações de carne bovina para o país asiático, suspensas desde 2012 devido a um caso de vaca louca ocorrido no Paraná. Nesta primeira etapa, oito frigoríficos bovinos serão habilitados a exportar para China. Outros 17 já estão na fila.