IPCA
0,83 Abr.2024
Topo

Pressionada por bancos, Bovespa fecha em queda e perde 4% na semana

20/05/2015 17h56


A bolsa brasileira teve um pregão agitado, com muita volatilidade nesta quarta-feira, devido à combinação de notícias domésticas e externas, Investidores dividiram atenções entre a ata da última reunião do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), rumores sobre o fim da isenção de tributos na distribuição de juros sobre capital das empresas e ainda a expectativa pela aprovação das medidas de ajuste fiscal pelo Congresso.

As ações do setor bancário caíram forte e determinaram o sinal negativo do Ibovespa pelo terceiro pregão seguido, em meio à possibilidade de o governo elevar impostos sobre o setor e também influenciadas pela possível perda de incentivos nos juros sobre capital. Ações de educação ficaram entre as maiores altas, diante da chance de o governo reabrir o financiamento estudantil (Fies) no segundo semestre.

O Ibovespa fechou em baixa de 1,08%, aos 54.901 pontos, com volume de R$ 8,313 bilhões. Nos três pregões desta semana, o índice já acumula perda de 4,1%. Em maio, o recuo está em 2,3%.

A divulgação da ata do Fed praticamente não alterou o rumo da bolsa brasileira. Na avaliação do diretor da corretora Mirae, Pablo Spyer, o documento apenas reforçou a avaliação de que a autoridade monetária não deverá subir os juros em junho, uma vez que a economia americana ainda não está crescendo no ritmo desejado. "Junho ficou para trás. O fluxo para emergentes deve continuar favorável, apesar de as taxas dos Treasuries ainda estarem elevadas. Mas acredito que a T-note de 10 anos deve começar a recuar para a casa dos 2%." Hoje, os títulos americanos estavam pagando juros em torno de 2,25%.

Entre as principais ações, Ambev ON (-2,85%), Bradesco PN (-2,51%) e Itaú PN (-1,77%) puxaram as perdas, seguidas por Vale PNA (-1,89%) e ON (-1,34%). Petrobras PN (-0,15%) e ON (0,36%) esboçaram reação após o tombo de mais de 6% ontem, mas também terminaram em leve baixa.

Operadores comentaram que a volta das discussões no governo para acabar com a possibilidade de compensação de imposto pelas empresas na distribuição de juros sobre capital pesou sobre diversas ações. Segundo apurou o Valor PRO, serviço de notícias em tempo real do Valor, a proposta é que a mudança passe a valer já em 2016.

Relatório divulgado pelo BTG Pactual em dezembro do ano passado - quando surgiram os primeiros rumores sobre o assunto - aponta que bancos, Ambev, Petrobras e Vale estariam entre as empresas mais afetadas pelo fim da isenção. Entre 42 companhias analisadas pelo BTG na época, o impacto da medida seria uma redução média de 7% nas projeções de lucro e de preço-alvo dos ativos para 2015.

A lista de maiores baixas trouxe Sabesp ON (-4,63%), Rumo ON (-4,44%) e Hering ON (-3,92%). Vivo PN (-3,31%) também foi destaque negativo. O Credit Suisse diz, em nota de hoje, que as ações caem com a notícia de possibilidade de aumento do Fistel (Fundo de Fiscalização) para as empresas de telecomunicações, o que pode deixar as contas de telefone e internet mais caras. Um potencial aumento é negativo, diz o Credit Suisse, pois as empresas já têm o desafio de lidar com uma alta taxa de impostos, de cerca de 40% da receita bruta.

Na ponta positiva ficaram TIM ON (5,64%), Oi PN (3,58%) e CSN ON (2,92%). Empresas de educação também subiram: Estácio ON (1,75%) e Kroton ON (0,16%). O mercado especula sobre a possibilidade de reabertura do financiamento estudantil (Fies) no segundo semestre. O assunto teria vindo à tona após encontro ontem à noite entre a presidente Dilma Rousseff e representantes da União Nacional dos Estudantes (UNE).