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Dólar fecha em alta com preocupação fiscal e cenário externo

22/05/2015 18h06


O dólar encerrou a semana em alta frente ao real refletindo o movimento de valorização da moeda americana no exterior e maior pessimismo com a política fiscal no mercado local. Nos Estados Unidos, dados de inflação mais fortes que o esperado e o discurso da presidente do Federal Reserve, Janet Yellen, reforçaram as apostas de que a autoridade monetária americana deve elevar a taxa de juros ainda neste ano.

O dólar comercial subiu 1,73%, encerrando a R$ 3,0948. Com isso, a moeda americana acumula valorização de 3,28% na semana e de 2,83% no mês.

No mercado futuro, o contrato para junho avançava 1,64% para R$ 3,099. Já o euro subia 0,91% para R$ 3,4055.

O governo anunciou hoje um corte de R$ 69,9 bilhões de gastos do Orçamento de 2015. O número veio em linha com os R$ 70 bilhões esperado pelo mercado. O governo ainda anunciou a revisão da meta de superávit primário para este ano de 1,2% do PIB para 1,1% do PIB.

O enfraquecimento da economia afeta a arrecadação de receitas do governo e traz dúvida sobre o cumprimento da meta de superávit fiscal, visto como essencial para a recuperação da credibilidade na política econômica e, portanto, para a manutenção do grau de investimento do país.

Lá, fora, o dólar acelerou a alta frente às principais moedas após comentários da presidente do banco central americano, que destacou que "o Fed ainda está no rumo para subir a taxa de juros em algum momento neste ano", mas o ritmo será gradual. Yellen ainda afirmou que espera um fortalecimento dos dados econômicos. A desaceleração econômica no primeiro trimestre, segundo Yellen, foi influenciada por fatores climáticos. Na próxima sexta-feira, será divulgada a segunda leitura do PIB do primeiro trimestre.

Hoje o dado de inflação ao consumidor nos Estados Unidos mostrou um aumento de 0,1% em abril, em linha com as expectativas. Contudo, o núcleo da inflação, que exclui os índices de preços de alimentos e energia, veio acima do esperado com alta de 0,3%, contra uma projeção de 0,2% .

Lá fora, o dólar subia 0,55% em relação ao ran sul-africano, 0,44% diante da lira turca e 0,25% frente ao peso mexicano.

No mercado local, o risco de o Banco Central voltar reduzir as rolagens de swaps cambiais que estão vencendo ajudou a dar um fôlego extra para a valorização da moeda americana.

O presidente do BC, Alexandre Tombini, afirmou nesta sexta-feira que a desvalorização do real deve ajudar a limitar o déficit em transações correntes. Tombini também disse que o programa de oferta de proteção cambial cumpriu bem seu papel. Na mesma linha, o diretor de Assuntos Internacionais da autoridade monetária, Tony Volpon, afirmou ontem que os swaps têm cumprido seu objetivo de garantir proteção ao mercado contra a instabilidade cambial e que as rolagens dependerão das condições de mercado. "O mercado não tem segurança para vender dólar perto de R$ 3,00", diz o profissional de uma asset. Segundo ele, esse receio aumenta justamente porque há uma leitura de que, com a cotação nesses níveis, o BC fica mais "confortável" para dar continuidade ao desmonte do estoque de contratos de swap cambial começado neste mês.

Depois de fazer uma rolagem praticamente integral dos swaps ao longo de abril, o BC decidiu reduzir a oferta desses contratos em leilões de rolagem durante o mês de maio. Mantido o ritmo de 8.100 contratos rolados diariamente, o BC deve retirar do mercado em 1º de junho o equivalente a US$ 1,961 bilhão, 20% do lote total vincendo no próximo mês, de US$ 9,656 bilhões.