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Preocupações fiscais levam dólar a atingir máxima em dois meses

25/05/2015 10h21


O dólar e os juros futuros de prazo mais longo começam a semana em disparada, refletindo a escalada das preocupações fiscais após o contingenciamento orçamentário ter ficado aquém do desejado pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy. Isso gerou dúvidas sobre a força do ministro dentro do governo, especialmente considerando que Levy foi destacado como um importante articulador em prol do ajuste fiscal.

Às 10h13, o dólar comercial subia 0,93%, para R$ 3,1235. Na máxima, a cotação foi a R$ 3,1331, maior patamar intradia desde 7 de abril, quando alcançou R$ 3,1470. O dólar para junho avançava 0,87%, a R$ 3,130.

Por mais uma sessão, o real é a moeda que mais perde ante o dólar, considerando as principais divisas, e cai a uma mínima em quase dois meses frente ao dólar. O DI janeiro de 2021, mais associado ao sentimento de risco, chegou a disparar mais de 20 pontos-base hoje. Os mercados domésticos operam sem a referência das praças americanas e algumas na Europa, devido a feriados.

A ausência de Levy na cerimônia do anúncio dos cortes, na sexta-feira, causou estranheza e foi entendida como um recado de insatisfação do ministro. Essa leitura foi reforçada hoje por comentários do próprio ministro a jornalistas quando chegava ao prédio do Ministério da Fazenda, em Brasília.

Levy afirmou nesta manhã que a receita prevista no Orçamento "não tem conexão com a realidade da arrecadação" e que a arrecadação não tem atendido às necessidades do governo e que tem sobrevivido às custas de receitas extraordinárias, como o Refis, programa de parcelamento de débitos com a União.

A série de ruídos aumenta a incerteza do mercado com o cumprimento da meta de superávit primário deste ano, agora em 1,1% do PIB. O esforço de Levy nesta semana vai se concentrar em convencer o Congresso Nacional a aprovar as MPs 664 (que muda a concessão de pensão por morte e auxílio-doença) e 665 (com alterações nas regras de seguro-desemprego e abono salarial para os trabalhadores).

Manchete da edição desta segunda-feira do Valor, no entanto, diz que o trabalho de Levy daqui para a frente será pautado pela "persistência", mas que o ministro não tem intenção de deixar a pasta.

O desempenho mais fraco do real é sustentado ainda pela expectativa de que o Banco Central volte a anunciar uma rolagem parcial de contratos de swap cambial tradicional que vencem em julho. Ao ofertar diariamente neste mês 8.100 papéis para rolagem, o BC deve enxugar do mercado o equivalente a quase US$ 2 bilhões, 20% do lote total, de US$ 9,656 bilhões.

Em julho, vence um lote de US$ 8,742 bilhões em swaps.

No mercado de DI, a taxa do contrato com vencimento em janeiro de 2021 subia para 12,440% ao ano, ante 12,259% no ajuste anterior. Essa taxa bateu uma máxima hoje de 12,470%.

O DI janeiro de 2017 avançava a 13,350%, contra 13,269% no último ajuste.

As taxas mais curtas, no entanto, tinham oscilações mais moderada, depois que investidores já ajustaram para cima as estimativas para o juro básico, na esteira do tom mais "hawkish" do Banco Central.

O DI janeiro de 2016 - que serve de termômetro para expectativas quanto ao patamar da Selic no fim de 2015 - estava em 13,790%, frente a 13,779% no ajuste anterior.