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Pacote de infraestrutura não empolga e Bovespa termina estável

09/06/2015 17h55


A Bovespa perdeu força ao longo da tarde e encerrou o pregão desta terça-feira praticamente estável. As ações da Petrobras e das empresas do setor de educação registraram ganhos expressivos e compensaram a queda dos bancos e também dos papéis de infraestrutura, que devolveram altas recentes, após o governo anunciar um pacote de investimentos de R$ 198,4 bilhões em ferrovias, rodovias, portos e aeroportos.

O Ibovespa fechou em alta de apenas 0,01%, aos 52.815 pontos, com volume de R$ 6,736 bilhões. Entre as ações de maior peso no índice, Petrobras PN subiu 3,18% e ficou entre as maiores altas, ao lado da ação ON (3,69%), acompanhando a alta do petróleo no mercado internacional. A commodity subiu 3,5% em Londres, para US$ 64,90 o barril, e 3,4% em Nova York, para US$ 60,11 por barril.

Operadores lembraram ainda que o papel PN da estatal já está "sensível" ao vencimento opções sobre ações, que acontece na próxima segunda-feira. Há também expectativa sobre o novo plano de negócios da companhia, que pode ser anunciado no fim deste mês.

Itaú PN (-0,63%), Ambev ON (-0,37%) e Vale PNA (-0,35%) encerraram em leve baixa, enquanto Bradesco PN (-1,08%) recuou mais forte. O mercado segue especulando sobre quem levará os ativos do HSBC, depois que o banco confirmou uma restruturação global, que prevê a saída do Brasil e da Turquia e o corte de 50 mil empregos. O Bradesco é visto como favorito.

Na ponta negativa do Ibovespa terminaram Rumo ON (-6,47%), Cyrela ON (-4,73%) e Ecorodovias ON (-3,46%). As ações da Rumo e da Ecorodovias devolveram altas recentes após o pacote de infraestrutura anunciado hoje pelo governo não fazer nenhuma menção à prorrogação das atuais concessões de ferrovias e rodovias, como se chegou a especular ontem. CCR ON (-2,04%) também fechou no vermelho.

Apesar da expectativa em torno do pacote de infraestrutura, a reação do mercado ao anúncio foi modesta, na avaliação de analistas ouvidos pelo Valor PRO, serviço de notícias em tempo real do Valor. "O plano é bom, sem dúvida. Busca eficiência e produtividade. Mas o mercado não reagiu. Ao que parece, os investidores querem ver a execução", avalia o analista da Clear Corretora, Raphael Figueredo. "Notoriamente há um distanciamento entre o que o governo promete e o que a economia real percebe", afirma.

O economista-chefe do banco Fator, José Francisco de Lima Gonçalves, considerou o pacote "dentro do esperado". "São projetos razoavelmente conhecidos, que não saíram desde 2012 por razões também conhecidas, como dificuldades no modelo adotado ou no retorno esperado."

Para Gonçalves, duas questões serão fundamentais para definir o sucesso dos novos projetos: financiamento e retorno. "O custo de capital no Brasil ainda é estupidamente alto. Por outro lado, o custo de capital lá fora é quase zero. Será que vem dinheiro de fora? Vai depender da taxa de retorno frente ao risco dos investimentos." O economista lembra ainda que as taxas de juros elevadas das aplicações de renda fixa acabam sendo um "concorrente" dos projetos na atração do investimento estrangeiro.

Na ponta positiva do Ibovespa, além de Petrobras, ficaram Estácio ON (4,12%), Braskem PNA (3,28%) e Kroton ON (2,14%). O ministro da Educação, Renato Janine Ribeiro, afirmou ontem à noite que o governo federal abrirá "uma nova rodada" do Fies (Fundo de Financiamento Estudantil) no segundo semestre. Janine fez o anúncio durante o programa de entrevistas "Roda Viva", da TV Cultura.