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Bovespa tem leve alta, de olho em visita da Moody's e crise grega

14/07/2015 17h56


A Bovespa fechou em alta moderada nesta terça-feira, acompanhando o clima mais favorável à tomada de risco no exterior. A recuperação de Petrobras, que acompanhou a virada nos preços do petróleo, foi decisiva para que o Ibovespa abandonasse o sinal negativo visto pela manhã. Lá fora, dados mais fracos de vendas no varejo dos Estados Unidos alimentaram as apostas de que o banco central americano terá que manter os juros próximo de zero por mais tempo para não prejudicar a economia.

O Ibovespa subiu 0,23%, para 53.239 pontos. O volume financeiro somou apenas R$ 5,152 bilhões, indicando que muitos investidores, especialmente os estrangeiros, já estão fora do mercado, em clima de férias.

O estrategista da Guide Investimentos, Luis Gustavo Pereira, avalia que a alta modesta dos mercados sugere que há um certo clima de cautela no ar por conta da agenda carregada dos próximos dias, com divulgação de números importantes da economia chinesa hoje à noite, a discussão do plano de austeridade pelo Parlamento da Grécia amanhã para liberação do novo resgate financeiro ao país, e ainda, a visita dos técnicos da agência Moody's ao Brasil nesta semana. "O rebaixamento do rating soberano está praticamente dado. O governo tenta agora evitar o viés negativo. Isso poderia ser uma notícia nova, já que coloca em risco o grau de investimento do país", afirma Pereira.

Para o economista-chefe do Banco Fator, José Francisco de Lima Gonçalves, a crise da Grécia ainda não está completamente resolvida e pode voltar a assombrar os mercados. "O ânimo criado ontem com o acordo entre Grécia e seus credores durou pouco e já enfrenta um teste de realidade. Assim, os desdobramentos das negociações na Grécia devem ser vistos com cautela. A primeira data crítica - amanhã - já vai mostrar se o que foi acordado entre governo e credores encontra respaldo no Parlamento grego", afirma, em relatório aos clientes.

Entre as ações mais líquidas da bolsa brasileira, Petrobras PN (1,52%) e ON (1,80%) puxaram os ganhos, acompanhando a recuperação dos preços do petróleo no exterior. Pela manhã, os preços chegaram a cair forte diante do temor de que o acordo nuclear firmado entre o Irã e potências ocidentais pudesse provocar um aumento na oferta mundial de petróleo em um momento de fraca demanda. A divulgação dos detalhes do acordo mostrou que o Irã não deve ampliar a oferta pelo menos até o fim do ano.

No fim da tarde, a Standard & Poor's (S&P) afirmou os ratings da Petrobras em "BBB-", ao mesmo tempo em que manteve a perspectiva negativa, devido aos desafios que a companhia tem pela frente para reduzir o endividamento e lidar com as investigações de corrupção. A nota da Petrobras continua refletindo a visão da S&P de que é "muito alta" a probabilidade de que o governo ajude a companhia se necessário, devido a sua posição importante como principal produtora de petróleo e distribuidora de combustível no país. Além disso, um calote da estatal teria um efeito sistêmico relevante na economia brasileira, diz a agência de classificação de risco.

Os bancos ficaram de lado - Itaú PN (0,09%), Bradesco PN (0,65%) e Banco do Brasil ON (0,12%), assim como Ambev ON (0,20%). As ações da companhia de bebidas não reagiram ao fato de a empresa ter conseguido reduzir uma multa aplicada pelo Cade, de R$ 352 milhões para R$ 229,1 milhões. A multa, aplicada em 2009, refere-se ao programa de fidelização de pontos de venda imposto pela Ambev aos donos de bares.

Em contrapartida, Vale PNA (-3,25%) e ON (-3,67%) figuraram entre as maiores baixas. Os papéis devolveram parte dos ganhos de ontem, quando dispararam com a informação de que a Vale vai reduzir a produção de minério de ferro em 25 milhões de toneladas, mas que manterá a meta de oferta de 340 milhões de toneladas de ferro para 2015. O corte virá de silicosos e das compras de terceiros, segundo Peter Poppinga, diretor de ferrosos da companhia.

"O mercado leu errado o anúncio de que a Vale cortaria produção. Na verdade, a empresa alterou o mix. Não foi um corte clássico", disse o sócio da gestora Canepa, Alexandre Póvoa. As principais concorrentes da mineradora não pretendem cortar a produção, mesmo com a sequência de baixas do preço da commodity, segundo análise do Citi.

Gerdau Metalúrgica PN (-10,51%) e Gerdau PN (-7,25%) lideraram as perdas do Ibovespa. O conselho de administração da Gerdau aprovou a compra de fatias minoritárias na Gerdau Aços Longos, Gerdau Açominas, Gerdau Aços Especiais e Gerdau América Latina Participações, por um total de R$ 1,986 bilhão, para viabilizar a simplificação e unificar as participações societárias nas companhias operacionais fechadas do Brasil na Gerdau.

Além de Gerdau, Usiminas PNA (-1,38%) e CSN ON (-1,85%) também terminaram no vermelho. O desempenho negativo dos papéis do setor reflete o momento complicado vivido pelo setor, que atravessa a crise mais severa de sua história, segundo o Instituto Aço Brasil. A entidade informou ontem que as vendas de aço no primeiro semestre caíram quase 13% no país e cortou as projeções para produção (-3,4%) e consumo (-12,8%) em 2015.

Entre as maiores altas ficaram Ecorodovias ON (4,86%), Eletrobras PNB (4,26%) e Eletrobras ON (3,87%).