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MP vai investigar suposta influência de Lula em viagens com Odebrecht

16/07/2015 15h36


A Procuradoria da República no Distrito Federal (PRDF) abriu investigação criminal contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) por suposto tráfico de influência nacional e internacional em defesa dos interesses da Odebrecht.

Portaria do dia 8 de julho transforma a "notícia de fato" - aberta em maio com base em reportagens sobre viagens de Lula com representantes da Odebrecht - em procedimento investigatório criminal (PIC), no qual o Ministério Público pode fazer requisições mais amplas, dependendo de autorização da Justiça, como em um inquérito policial. O caso está sob responsabilidade da procuradora Mirella de Carvalho Aguiar.

Na investigação, o Ministério Público cita que Lula teria a intenção de "influir" em atos praticados por agentes públicos estrangeiros, especificamente os governos da República Dominicana e Cuba. Também menciona que, no último caso, as obras teriam sido custeadas, direta ou indiretamente, pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Em maio, Mirella solicitou informações ao Instituto Lula, à Odebrecht, ao BNDES, ao Ministério do Desenvolvimento e ao Itamaraty para avaliar a abertura de investigação formal contra o ex-presidente, o que ocorreu com a portaria de 8 de julho.

Na ocasião, a Odebrecht afirmou que "sempre tornou público que patrocinou palestras do ex-presidente no exterior e defende abertamente a iniciativa, como meio de demonstrar as potencialidades do Brasil e das empresas brasileiras".

Recentemente, delatores da Operação Lava-Jato relataram que Lula fez voos para Cuba, República Dominicana e Estados Unidos com o diretor da Odebrecht Alexandrino Alencar, em janeiro de 2013. A viagem teria sido paga pela construtora. Alexandrino foi preso na Operação Lava-Jato.

Outro lado

O ex-presidente Lula afirmou, por meio de seu instituto, que recebeu com "surpresa" a decisão da Procuradoria da República no Distrito Federal de abrir a investigação e afirmou que vai explicar as viagens.

A assessoria do ex-presidente afirmou ter entregue ao MPF-DF, na semana passada, toda documentação pedida pela procuradora Mirella Aguiar, responsável pela apuração das supostas irregularidades, e questionou a "rapidez" com que o material foi analisado.

"Prestamos todas as informações solicitadas, dentro do prazo. Entendemos que a função do Ministério Público é investigar e vamos esclarecer a lisura e a legalidade das viagens", afirmou a assessoria do ex-presidente.