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Bovespa volta a cair e caminha para fechar julho com perda de 6%

30/07/2015 17h51


A Bovespa retomou a trajetória de baixa nesta quinta-feira, com investidores preocupados com os dados de crescimento da economia americana e reagindo ao comunicado de ontem à noite do Copom, que sinalizou o fim do ciclo de aperto monetário, mas indicou que os juros devem permanecer elevados até que a inflação recue para a meta do Banco Central. A safra de balanços de empresas relevantes do Ibovespa, como Bradesco, Vale, Ambev e Embraer, garantiu volatilidade extra aos ativos e ao índice.

"O mercado juntou todos os fatores", comentou o analista da Clear Corretora, Raphael Figueredo, lembrando que a tendência da bolsa ainda é negativa, apesar da recuperação observada na terça e quarta-feira. O especialista em bolsa da Icap Brasil, Rogério Oliveira, lembra que o mercado segue na expectativa pelo corte do rating soberano pela Moody's, cujos técnicos estiveram há poucos dias no Brasil. O movimento aconteceria na sequência da decisão da S&P, que colocou a nota soberana em perspectiva negativa na terça-feira.

O Ibovespa fechou em baixa de 0,69%, aos 49.897 pontos, com volume de R$ 5,846 bilhões. Faltando apenas um pregão para o encerramento de julho, a bolsa brasileira acumula perda de 6,0% no mês. No ano, recua apenas 0,2%.

Entre as principais ações do índice, Vale PNA (-4,63%) liderou as perdas do dia, seguida por Petrobras PN (-2,33%), Bradesco PN (-1,99%) e Itaú PN (-1,24%), enquanto Ambev ON subiu 0,85%.

A Vale registrou lucro líquido de R$ 5,14 bilhões no segundo trimestre, o que representa um aumento de 61,4% sobre igual período do ano passado. A receita somou R$ 21,44 bilhões, recuo de 3% na mesma base de comparação. O Credit Suisse considerou o resultado da Vale bastante forte, destacando redução de custos e preço realizado acima do mercado. "A companhia fez o dever de casa. Mas, apesar do balanço positivo, o ambiente para o minério de ferro ainda é desafiador", comentou Figueredo, da Clear.

Já o Bradesco fechou o segundo trimestre com lucro líquido contábil de R$ 4,473 bilhões, um aumento de 18,4% sobre o mesmo período do ano passado. A projeção média de analistas consultados pelo Valor era de lucro de R$ 4,427 bilhões. O Santander Brasil também divulgou seu resultado trimestral, com lucro contábil de R$ 3,881 bilhões, ante R$ 528 milhões em igual período do ano passado. O lucro ajustado foi de R$ 1,675 bilhão, com alta de 16,6%. As units do banco recuaram 2,42%.

A Ambev registrou lucro líquido de R$ 2,50 bilhões no segundo trimestre, alta de 15,7% ante o mesmo trimestre de 2014. A receita líquida da companhia ficou em R$ 9,91 bilhões, aumento de 21,2%.

Na ponta negativa do Ibovespa terminaram Estácio ON (-6,50%), Embraer ON (-5,46%) e Gerdau Metalúrgica ON (-5,36%). A fabricante de jatos apresentou lucro de R$ 399,6 milhões no segundo trimestre, avanço de 24,9% na comparação anual. A receita da empresa somou R$ 4,66 bilhões nos meses de abril, maio e junho, alta de 18,6%. O crescimento se deu principalmente por conta da valorização do dólar frente ao real nessa base de comparação. Mesmo assim, os números ficaram aquém do esperado pelo mercado, especialmente no segmento de defesa e segurança.

Entre as maiores altas ficaram JBS ON (6,64%), Rumo ON (5,49%) e Cesp PNB (4,48%). Outras ações de energia também marcaram presença no campo positivo: Eletrobras PNB (4,03%) e ON (3,48%), CPFL Energia ON (2,99%) e Cemig PN (2,78%).

O presidente da Associação Brasileira de Distribuidores de Energia (Abradee), Nelson Leite, afirmou ontem que a proposta do governo para saldar a despesa bilionária das geradoras com risco hidrológico prevê extensão dos atuais contratos das usinas. Leite participou da reunião sobre o tema, na sede da Aneel ontem. Se aceitarem a extensão de prazo, as geradoras deverão por fim finalmente à briga na Justiça, assumindo o custo pela geração de energia elétrica abaixo do volume previsto no contrato. A solução abarca tanto a dívida que tem crescido desde o início do ano quanto o passivo acumulado nos últimos dois anos.