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Bovespa sobe 2% no dia, mas não consegue apagar perdas de julho

31/07/2015 17h57


Depois de um mês com tantas notícias negativas - redução de meta de superávit fiscal, atritos entre Congresso e Planalto, mudança de perspectiva do rating soberano para negativa pela S&P, novos desdobramentos da Operação Lava-Jato, apenas para citar as questões domésticas - os investidores deixaram os fundamentos de lado e foram atrás de possíveis pechinchas na Bovespa nesta última sexta-feira de julho.

Gestores de fundos correram para tentar "embelezar" suas carteiras no fechamento do mês, amenizando a perda do Ibovespa, que chegava a 6% em julho até ontem. Com a recuperação de hoje, a bolsa brasileira voltou a ficar positiva no ano.

O Ibovespa fechou em alta de 1,94%, aos 50.864 pontos, com volume de R$ 6,462 bilhões. Na máxima do dia, o índice chegou aos 50.895 pontos (2,0%). A bolsa brasileira registrou ganho de 3,29% na semana, reduzindo a perda acumulada no mês para 4,17%. No ano, voltou a subir 1,71%.

Entre as principais ações do índice, os ganhos ficaram concentrados em Ambev ON (2,90%) e Itaú PN (2,80%). Petrobras PN (0,28%), Bradesco PN (0,85%) e Vale PNA (1,66%) também subiram, com menor intensidade. Mesmo com o avanço de hoje, Itaú PN acumula perda de 3,27% no mês, assim como Bradesco PN (-4,23%), Vale PNA (-6,03%) e Petrobras PN (-17,39%). Apenas Ambev ON (+1,31%) teve leve alta em julho entre as principais componentes do Ibovespa.

O presidente da Petrobras, Aldemir Bendine, disse hoje que companhia está finalizando a contratação de bancos para realizar o IPO da BR Distribuidora, conforme antecipado ontem pelo Valor PRO, serviço de notícias em tempo real do Valor. Em conversa com jornalistas, após cerimônia de devolução dos R$ 69 milhões desviados pelo ex-gerente Pedro Barusco e recuperados pela Justiça, o executivo reforçou que a companhia trabalha com a perspectiva de recuperar todo o valor desviado e apurado pelas investigações da Operação Lava-Jato, e que não descarta a possibilidade de fazer novas baixas contábeis por desvalorização de ativos ("impairment") em seus próximos balanços financeiros.

No balanço financeiro de 2014, a companhia lançou uma baixa contábil de R$ 6,2 bilhões referente aos gastos adicionais capitalizados indevidamente no esquema de corrupção investigado no âmbito da Operação Lava-Jato. "Esse valor temos a perspectiva, sim, de recuperar", disse.

Na ponta positiva do índice ficaram ações que foram bastante penalizadas neste mês: Braskem PNA (9,32%), Embraer ON (6,22%) e Oi PN (5,21%). Mesmo com o avanço de hoje, as ações da petroquímica ainda acumulam perda de 8,6% neste mês, marcado por revelações na operação Lava-Jato de detalhes sobre as negociações de preço da nafta, que teria dado prejuízo bilionário à estatal.

Embraer se recuperou do tombo de 5,5% de ontem, quando reagiu ao balanço mais fraco que o esperado pelo mercado. A alta do dólar, que hoje atingiu a casa dos R$ 3,42, ajuda a fabricante de aviões, que deve encerrou o mês com alta acumulada de apenas 1%.

Na ponta negativa do Ibovespa hoje ficaram Rumo ON (-5,20%), Estácio ON (-5,08%), BR Properties ON (-1,64%) e Lojas Renner ON (-1,51%). A Renner informou ontem que seu lucro cresceu 33,5% no segundo trimestre, para R$ 158,2 milhões, levemente acima das projeções dos analistas, que previam ganho de R$ 148,7 milhões.

Fora do índice, quem chamou atenção foi Magazine Luiza ON (31,86%). A disparada do papel aconteceu após a varejista apresentar queda de 89% no lucro líquido do segundo trimestre, para R$ 3 milhões. Apesar do avanço de hoje, o ativo ainda acumula perda de 52% neste ano, mas encerrou o mês com ganho de 2%.

Segundo operadores, investidores zeraram posições vendidas, o que impulsionou o papel. Um analista que preferiu não se identificar comenta que o mercado esperava um resultado "desastroso". "O lucro, ainda que pequeno, foi considerado excelente tendo em vista a situação da economia", disse.

Por outro lado, o superintendente da rede, Marcelo Silva, declarou hoje que "Não há nenhum fato que indique que o segundo semestre será diferente do primeiro", referindo-se à difícil situação econômica do país.

As ações do Magazine Luiza apresentaram intensa volatilidade neste mês, em meio a rumores de dificuldades de caixa e de uma eventual fusão da empresa com a Máquina de Vendas. O nome do empresário Abilio Diniz também foi citado nas mesas de operações como possível candidato à compra da varejista.