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Dólar supera R$ 3,40 e juros vão às máximas do dia

31/07/2015 11h52


O dólar abandonou a trajetória de queda e passou a subir ante o real nesta sexta-feira, voltando a superar a marca de R$ 3,40. Enquanto isso, os juros futuros reduziram a baixa e operam nas máximas do dia.

Os mercados reagem a mais uma divulgação ruim de números fiscais, que serviu apenas para aumentar a desconfiança com o cumprimento da já modesta meta de superávit primário para este ano.

O dólar, contudo, já oscilou entre quedas e altas ao longo da sessão. Essa volatilidade, também alimentada por dados hoje vindos dos EUA, é típica de fim de mês, em meio ao acirramento da disputa entre "comprados" e "vendidos" na moeda americana na BM&F, que buscam uma taxa mais conveniente a suas operações.

As dúvidas em torno da possibilidade de o Banco Central anunciar um reforço nas rolagens de swaps cambiais ao longo de agosto também tiram o apetite vendedor. O Morgan Stanley, por exemplo, diz que o BC parece "confortável" com a recente depreciação do real, o que mantém a probabilidade de o BC rolar menos swaps no próximo mês do que o esperado.

O banco americano espera que o real continue registrando um desempenho mais fraco à frente, em meio à leitura de que as políticas fiscal e monetária estão dando sinais de relaxamento. "O afrouxamento da política fiscal representa uma perda de credibilidade que impõe o risco de um rebaixamento da nota de crédito soberano, enquanto as mudanças do lado da política monetária podem em última instância reduzir o ?carry' no Brasil. Nenhuma é positiva para o real."

Às 11h46, o dólar comercial subia 1,21%, para R$ 3,4123, máxima do dia. O dólar para setembro avançava 0,47%, a R$ 3,394, após bater R$ 3,4445.

Nesses níveis, o dólar comercial caminha a passos largos para fechar julho com alta nominal de mais de 9% - a maior para esse mês desde 2002, quando a moeda disparou nada menos que 23,05%, batendo então sucessivos recordes do Plano Real diante do aumento das incertezas políticas.

Considerando todos os meses, a apreciação do dólar deve ser a mais forte desde março passado, quando a cotação subiu 11,80%.

Os ganhos do dólar ante o real em julho dão à moeda brasileira o terceiro lugar entre as divisas com pior desempenho no período, considerando uma lista de 34 pares do dólar. O dólar sobe mais apenas contra o peso colombiano e o rublo russo (9,83%).

No ano, contudo, o real é o lanterna, com o dólar em alta de quase 28%. Em 12 meses, o dólar dispara perto de 50% ante a moeda brasileira, alta menor apenas que a contabilizada frente ao rublo russo e ao peso colombiano.

No mercado de DI, as taxas alcançaram ou se aproximaram das máximas do dia após a divulgação de dados fiscais ruins. O setor público consolidado registrou em junho déficit primário de R$ 9,323 bilhões, acima da expectativa do mercado, que era de um resultado negativo de R$ 7 bilhões.

Em 12 meses, o déficit aumentou de 0,68% do PIB para 0,80% do PIB, pior leitura desde o início da série histórica, em 2001. Esse resultado é muito distante da meta de superávit primário de 0,15% do PIB para este ano.

"Está cada vez mais claro que nem esse 0,15% vai ser cumprido neste ano", diz o sócio-gestor da Leme Investimentos Paulo Petrassi. "Com esse cenário fiscal horrível, acho que o mercado está exagerando no fechamento [recuo] dos DIs", acrescenta.

O DI janeiro de 2016 tinha taxa de 14,180% ao ano, igual ao ajuste anterior. O DI janeiro de 2017 apontava 13,460%, frente a 13,520% no último ajuste. O DI janeiro de 2021 cedia a 12,810%, contra 12,850% no ajuste de ontem.