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CNC: Intenção do comércio de contratar em julho foi a menor em 5 anos

03/08/2015 11h57

A intenção do empresariado do comércio de contratar em julho mostrou o menor nível em cinco anos, informou a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Isso porque o ambiente para consumo continua a mostrar sinais desfavoráveis, com deterioração dos indicadores do mercado de trabalho; crédito caro; e inflação mais pressionada, explicou o economista da confederação, Bruno Fernandes.

O pessimismo entre os empresários do setor foi mensurado pelo Índice de Confiança do Empresário do Comércio (Icec), que recuou 1,7% entre junho e julho, para 85 pontos, 21,6% inferior ao de julho do ano passado. No âmbito do Icec, o tópico intenção de contratação nos próximos três meses teve queda de 3,2% ante junho e de 24,8% ante julho do ano passado, para 90,5 pontos, o patamar mais baixo desde março de 2011, início da série histórica do indicador.

Fernandes informou que, nesse contexto, a CNC deve revisar para baixo a atual estimativa de queda de 1,1% no volume de vendas do varejo para 2015. "Vamos revisar após a divulgação da Pesquisa Mensal de Comércio [a PMC, pelo IBGE] na semana que vem [em 12 de agosto]. Nossa previsão é que o recuo no volume de vendas deve ser mais próximo a 2% nesse ano", afirmou ele, acrescentando que, até o momento, o cenário para a demanda do varejo se mostra negativo. Em 2014, houve alta de 4,3% no volume de vendas do comércio, o pior desempenho desde 2003 (-3,7%).

O ambiente desfavorável ao setor varejista é perceptível no âmbito do Icec nos três tópicos que fazem parte da elaboração do indicador. O índice de Condições Atuais do empresário mostrou recuo de 5% de junho para julho e queda de 45% ante julho do ano passado, para 45,6 pontos. O índice de Expectativas cedeu 0,6% ante junho e 8,5% ante julho de 2014, para 125,5 pontos. O índice de Investimentos, por sua vez, declinou 1,6% em relação a junho e de 20,2% ante um ano antes.

Fernandes alertou que o atual quadro pessimista no humor do empresário, com diminuição de perspectiva de contratações, só deve conduzir a uma piora do atual contexto desfavorável para o setor varejista. Ele admitiu que pode ocorrer uma espécie de círculo vicioso, onde o comércio, um dos maiores empregadores da economia, não contrata ou começa a demitir. Isso, na prática, leva a um ambiente com um número maior de consumidores com renda menor - e, por consequência, com poder aquisitivo mais fraco.

"E não podemos nos esquecer que, assim como o consumidor, o empresário também tem que lidar com crédito mais caro", completou ele, lembrando que o varejista utiliza capital de giro para seus negócios.

O especialista é cético em relação a uma recuperação da confiança do empresário do comércio ainda em 2015. "Isso só vai mudar quando a inflação voltar a seguir um curso de 4,5% [ao ano, meta inflacionária estabelecida pelo governo] e se voltarmos a ter juros menores", disse, salientando que não vê esses dois fatores ocorrendo no segundo semestre desse ano. "Podemos dizer ainda que, do lado do empresário, não há expectativa de contratação, porque não há expectativa de volta da retomada na economia no curto prazo", concluiu.