IPCA
0,83 Mar.2024
Topo

Dólar sobe com cena externa e BC; Bolsa cai com Petrobras e Bradesco

03/08/2015 14h12


Os mercados brasileiros começam a semana sob pressão. Expectativas sobre a alta de juros nos Estados Unidos ajudam o dólar a subir e dados da China pressionam papéis de peso na Bovespa, como Petrobras.

Os investidores avaliam ainda a notícia de que o Bradesco comprou o HSBC no Brasil por US$ 5,2 bilhões, acima da expectativa do mercado, em torno de US$ 4 bilhões.

Além da pressão externa, o dólar também sobe com a leitura de que o Banco Central (BC) está confortável com a recente desvalorização da taxa de câmbio. Nos juros, as taxas dos contratos mais líquidos operam nas máximas do dia nesta segunda-feira, amparadas pelo novo fôlego do dólar em uma semana marcada pela expectativa em torno da ata do Comitê de Política Monetária (Copom).

Como pano de fundo, analistas seguem acompanhando as dificuldades políticas locais. Hoje, a Polícia Federal (PF) prendeu o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu. Líderes da oposição afirmam que as investigações se aproximam cada vez mais do ex-presidente Lula e da presidente Dilma Rousseff, além do núcleo principal do PT.

Câmbio

O dólar segue em alta frente ao real nesta segunda-feira. A moeda replica movimento visto no exterior, onde o dólar se fortalece de forma geral, mas, no Brasil, tem impulso extra com a leitura de que o Banco Central (BC) está confortável com a recente desvalorização da taxa de câmbio.

Essa avaliação decorre do fato de o BC ter sinalizado manutenção do ritmo de rolagens de swaps cambiais, que contrariou algumas expectativas de um aumento do passo de renovação dos contratos.

Ao manter a oferta de 6 mil contratos de swap cambial para rolagem ao longo de agosto, o BC deve renovar 59,84% dos contratos vincendos em setembro, depois de em julho rolar 60,05% dos papéis que expiram nesta segunda-feira. Alguns no mercado cogitavam que o BC ampliasse a rolagem para até 80% do lote total.

"Ao fazer isso, a autoridade monetária reforçou que deixará o mercado de câmbio se ajustar sozinho e não elevará as rolagens mesmo se o real tiver uma performance ante o dólar mais fraca que seus pares", dizem Gustavo Mendonça, Gabriel Gersztein e Samuel Castro, do BNP Paribas, em relatório.

Ao redor das 14 horas, o dólar comercial tinha alta de 0,77%, a R$ 3,4508. Na máxima, a cotação foi a R$ 3,4612 - maior patamar intradia desde 20 de março de 2003, quando chegou a ser cotada em R$ 3,4940. O dólar para setembro se apreciava 0,80%, a R$ 3,4845.

Juros

As taxas dos contratos de juros futuros mais líquidos operavam nas máximas do dia nesta segunda-feira, amparadas pelo novo fôlego do dólar em uma semana marcada pela expectativa em torno da ata do Copom. Os operadores monitoraram ainda a volta das atividades no Congresso Nacional, com várias pautas do ajuste fiscal ainda a serem votadas.

Ao redor das 14 horas, o DI janeiro de 2016 apontava 14,210% ao ano, ante 14,190% no ajuste anterior e máxima hoje de 14,220%. O DI janeiro de 2017 avançava para 13,530%, contra 13,430% no último ajuste.

O DI janeiro de 2021 tinha alta de 12,920%, frente a 12,790% no ajuste anterior.

Bolsa

O Ibovespa tem um dia de baixa, pressionado pelas blue chips - ações de maior liquidez. O índice caía 1,43% ao redor das 14 horas, para 50.135 pontos, depois de subir 1,95% na sexta-feira.

Bradesco e Petrobras eram as ações de maior peso nas negociações de hoje, comenta o estrategista da Guide Investimentos, Luis Gustavo Pereira. O banco tem fatia de 9,4% no Ibovespa, caso se leve em conta as ações ON e PN. Bradesco PN recuava 3,45% e Bradesco ON perdia 3%. Itaú PN, que tem 10,5% do Ibovespa, caía 1,15%.

As ações reagem ao anúncio de que o Bradesco comprou o HSBC no Brasil. A operação ficou em US$ 5,2 bilhões, acima da expectativa do mercado, em torno de US$ 4 bilhões.

Além disso, lembra Pereira, Petrobras era negociada em baixa, com a queda do petróleo no mercado internacional. A ação ON da Petrobras liderava as baixas do Ibovespa, com decréscimo de 4,32%, enquanto a PN perdia 3,81%. Após números piores da China, o petróleo em Londres caía 3,2% e nos Estados Unidos recuava 2,25%.

Juntas, Bradesco PN e Petrobras PN movimentavam R$ 501 milhões perto das 14 horas, ante o total movimentado pela bolsa de R$ 2,5 bilhões.

A atividade do setor industrial chinês contraiu-se mais em julho. A bolsa de Xangai caiu 1,1% nesta segunda-feira, e as demais bolsas asiáticas acompanharam o movimento. Esse quadro pressiona as commodities.

Além disso, o cenário de inflação persistente e alta, com atividade em queda, vai se materializando no Brasil. Segundo a pesquisa Focus, a projeção de queda do PIB este ano piorou, indo de recuo de 1,5% para decréscimo de 1,7%. A previsão para o resultado do IPCA no ano subiu de 9,12% para 9,15%.

Também contribui para pressionar os mercados em geral a questão política. Hoje, a PF prendeu o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu. Ele é investigado por suspeita de corrupção e lavagem de dinheiro por me io de pagamentos recebidos por sua empresa, a JD Assessoria e Consultoria, feitos por empresas investigadas na Lava-Jato, como a Engevix.