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Bovespa volta a registrar maior alta do ano; analistas sugerem cautela

27/08/2015 18h02


A Bovespa chegou ao terceiro pregão de alta, o segundo com ganho acima de 3% e também a maior valorização do ano pelo segundo dia seguido. Apesar dos superlativos, analistas insistem em afirmar que os últimos movimentos da bolsa brasileira e dos mercados internacionais foram apenas repiques dentro de uma tendência de baixa. Petrobras, Vale e siderúrgicas registraram as altas mais expressivas.

Entre as notícias externas que animaram os mercados está a segunda revisão do PIB dos Estados Unidos no segundo trimestre, que mostrou expansão de 3,7%, acima dos 3,3% esperados e também melhor que os 2,3% da primeira prévia. Além disso, o governo da China anunciou medidas para flexibilizar as regras de compra de imóveis por estrangeiros.

Por aqui, os investidores foram guiados pelo fluxo externo - operadores relataram forte compra por parte de estrangeiros. O mercado praticamente ignorou o noticiário doméstico, que foi particularmente negativo nesta quinta-feira. Conforme informou o Valor, o governo pretende recriar a CPMF como forma de tapar um rombo de aproximadamente R$ 80 bilhões nas contas da União para o ano que vem. No entanto, já há quem duvide que o novo imposto passe pelo Congresso.

Apesar da enxurrada de críticas em cima da CPMF, por punir as empresas e a população, o diretor da Corretora Mirae, Pablo Spyer, vê um lado positivo na possível volta do imposto. "Seria um sinal decisivo para a manutenção do grau de investimento. Se o governo conseguir fechar as contas no ano que vem, o país não perde a nota. Se a CPMF passar no Congresso, o Levy terá vencido esse jogo [para manter o grau de investimento]."

Além da questão da CPMF, os números do governo central também vieram bem ruins, colocando em dúvida a capacidade do governo de cumprir a meta de superávit fiscal deste ano. O déficit primário foi de R$ 7,223 bilhões em julho, elevando o saldo negativo no ano para R$ 9,050 bilhões ou -0,27% do PIB.

O Ibovespa fechou em alta de 3,64%, aos 47.715 pontos, com volume de R$ 7,829 bilhões. Foi a maior valorização do índice desde 21 de novembro de 2014 (5,02%). Em Wall Street, o Dow Jones subiu 2,27%, o Nasdaq ganhou 2,45% e o S&P 500 teve alta de 2,43%. "É um repique claro, que não muda em nada a tendência ainda negativa do mercado", afirma o analista técnico da Clear Corretora, Raphael Figueredo. "Ainda não é o momento para se definir uma reversão de tendência."

Entre as principais ações do índice, Petrobras PN avançou 9,61%, acompanhando a recuperação do preço do petróleo, que registrou alta de mais de 10% em Nova York e em Londres. Vale PNA (8,63%) também mostrou forte melhora, enquanto os bancos, que ontem subiram bastante com a decisão da senadora Gleisi Hoffmann (PT-SC) de ceder à pressão do PMDB sobre o aumento da CSLL, hoje registraram ganhos mais modestos: Itaú PN (3,54%), Bradesco PN (2,45%) e Banco do Brasil ON (3,55%).

No topo do Ibovespa ficaram Gerdau Metalúrgica PN (17,66%), Petrobras ON (11,28%) e Vale ON (11,25%). Na ponta negativa apareceram Smiles ON (-0,85%), Embraer ON (-0,43%) e Hering ON (-0,28%).