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Lula diz que jamais dirá que é candidato, mas também não dirá que não

28/08/2015 22h07


O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a falar de uma possível candidatura sua a presidente nas eleições de 2018. A declaração foi feita durante congresso da Central Única dos Trabalhadores (CUT) na noite desta sexta-feira em Belo Horizonte. Pela manhã, ele já havia tocado no assunto e dito que, se for preciso, disputará novamente o Planalto.

"Tem gente pensando: 'Ah, o Lula já tá velhinho, o Lula tá cansado, o Lula não sei das quantas'. É o seguinte: eu jamais vou dizer para alguém que sou candidato, jamais. Mas também jamais eu vou dizer que não sou", disse ele no evento da CUT. "Enquanto eu tiver fôlego, enquanto eu tiver perna, enquanto eu puder percorrer esse país, os tucanos vão ter que aprender a voar primeiro", disse ele, numa referência aos opositores do PSDB.

A menção a uma candidatura foi feita durante trecho de seu discurso que falava dos protestos contra o governo da presidente Dilma Rousseff (PT) e que fazia menção à derrota do senador tucano Aécio Neves (PSDB-MG) para a presidente nas eleições do ano passado.

"Eles perderam em 2014 e até agora não se conformam", disse para uma plateia formada por sindicalistas, estudantes e sem-terra, entre outros grupos. Lula afirmou que é direito de qualquer um protestar e cobrar. "Mas também é um direito legítimo vocês saberem que se vocês quiserem disputar e ganhar vão ter que esperar 2018 e não com um golpe tentar tirar a presidenta Dilma." Lula fez diversas críticas, às vezes sarcásticas, aos manifestantes antigoverno.

Na manhã de sexta, em Montes Claros, em entrevista à Rádio Itatiaia, Lula já havia dito que poderia, se preciso, vir a ser candidato a presidente em 2018 caso não surgissem outros nomes.

À noite, no evento da CUT, ele também fez uma breve menção à operação Lava-Jato, que apura um amplo esquema de propinas na Petrobras que envolve as principais construtoras do país e espirrou em parlamentares e em nomes importantes do PT, como o ex-ministro José Dirceu e o ex-tesoureiro da legenda, João Vaccari Neto.

"Nesse negócio da Lava-Jato, queremos que prenda qualquer pessoa que roubou. Quem não pode pagar é o trabalhador", disse Lula, enquanto falava da Petrobras e de tentativas passadas de privatizá-la. "Estar aqui em defesa da empresa me dá muito orgulho porque muita gente morreu construindo essa empresa."

Ao falar do governo Dilma, disse que "logicamente" não se pode culpar os outros pela crise e que é preciso pensar o que foi feito de certo ou não. E se dirigindo aos representantes sindicais e de movimentos sociais, afirmou: "A gente pode discordar do nosso governo, mas ele é o nosso governo". E acrescentou: "Quem sabe a gente tenha que cobrar muita da nossa querida Dilma como vocês cobraram de mim".

Antes de Lula chegar ao congresso, realizado num espaço de eventos da capital mineira, um grupo de manifestantes contrários ao governo Dilma e ao PT fez muito barulho com apitaço e palavras de ordem em frente ao local.