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Movimentos sociais lançam frente de esquerda anti-Levy

08/10/2015 20h55


Movimentos sociais lançaram na noite desta quinta-feira, em São Paulo, a frente de esquerda "Povo Sem Medo", com fortes críticas à política econômica do governo federal, implementada pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy. Trinta entidades populares e sindicais com representação nacional, como MTST, UNE, CUT, CTB e Intersindical, reclamam de medidas adotadas pela presidente Dilma Rousseff, classificadas como retrocessos, e pressionam por mudanças, mas atacam a possibilidade de impeachment de Dilma.

No manifesto divulgado pela frente, os movimentos populares afirmam que as "medidas de austeridade econômica minam a agenda política, multiplicando o desemprego, a miséria e a redução dos direitos sociais". Com críticas à gestão Dilma, o documento afirma que na "contramão da expectativa popular, o governo federal aplica uma política de aumento de juros, corte nas áreas sociais e infraestrutura", além de "ataques a direitos de trabalhadores".

Os movimentos populares defendem a taxação de fortunas, lucros e dividendos, com a progressividade de tributos e a auditoria da dívida pública.

Para o líder do MTST, Guilherme Boulos, a política econômica do governo Dilma é "indefensável e inaceitável". "Queremos que o Levy saia, mas não adianta tirá-lo e manter essa política econômica", afirmou Boulos. A presidente da UNE, Carina Vitral, reclamou dos cortes sociais e das medidas de austeridade.

Os grupos populares, no entanto, rejeitam o afastamento da presidente. "Apoiar o governo está fora de cogitação, mas combater a saída à direita faz parte da perspectiva dessa frente. Não dá para pensar que se você é contra o PSDB tem que defender a Dilma, ou se é contra as políticas que a Dilma está fazendo tem que defender o [Michel] Temer e o PSDB", disse o líder dos sem-teto.

No lançamento da frente, representantes de movimentos populares pediram a saída do cargo do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).

Militantes de partidos de esquerda como PSOL e PCdoB participaram do lançamento da frente de esquerda, em um salão no centro de São Paulo a poucos metros da sede nacional do PT, mas lideranças petistas não foram ao ato. Intelectuais, artistas e políticos como frei Betto, os professores universitários André Singer, Ermínia Maricato e o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), manifestaram apoio à frente.

Segundo o líder do MTST e um dos principais articuladores da frente, o grupo tem diferenças em relação à Frente Ampla, do Uruguai. "A frente do Uruguai tinha viés de participação eleitoral, mas nós queremos construir nenhuma via eleitoral. Essa frente não tem em seu radar fazer eleições, mas sim fazer política nas ruas", afirmou Boulos.

Os movimentos populares que integram a frente planejam uma manifestação nas ruas no dia 8 de novembro, com críticas à política econômica, ao presidente da Câmara e ao pedido de impeachment da presidente.