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Após 9 altas, Bovespa leva maior tombo do ano com incerteza política

13/10/2015 17h45


Depois de subir mais de 12% em nove pregões seguidos, a bolsa brasileira registrou nesta terça-feira sua maior queda do ano: 4%. O mercado doméstico passou por forte correção - o que incluiu também a disparada do dólar - por causa do aumento da incerteza política, especialmente em relação a um eventual impeachment da presidente Dilma Rousseff. No exterior, o clima também foi de cautela após novos números fracos da economia chinesa.

Operadores lembraram também que o mercado se ajustou ao fato de a Bovespa ter ficado fechada ontem, devido ao feriado, quando os recibos de ações (ADRs) das principais empresas negociados na bolsa de Nova York sofreram forte queda, acompanhando o recuo nos preços das commodities. E nesta quarta-feira haverá vencimento de opções sobre o Ibovespa e de índice futuro, o que naturalmente aumenta a volatilidade do mercado na véspera.

O principal tema nas mesas de operações hoje foram as três liminares concedidas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) suspendendo o rito estabelecido pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), para o andamento na Casa de um eventual processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff.

Na prática, o STF não impede que Cunha avalie os pedidos de impeachment, mas trava a possível tramitação de uma ação contra Dilma nos moldes definido por Cunha, que definiu, por exemplo, que o quórum para aprovar recurso contra a decisão do presidente da Câmara de rejeitar o impeachment seria por maioria simples (metade dos votos mais um). No entendimento do STF, ou Cunha acolhe o pedido de impeachment e dá encaminhamento - o que inclui posteriores análise por comissão e votação em plenário para abrir o processo- ou o pedido é arquivado.

O Ibovespa fechou em baixa de 4,00%, aos 47.363 pontos, mas chegou a registrar mínima nos 47.135 pontos (-4,46%). Foi o maior tombo da bolsa brasileira desde 1º de dezembro do ano passado, quando recuou 4,47%. "O mercado passou o dia tentando entender o que acontece em Brasília", comentou o analista da Clear Corretora, Raphael Figueredo, referindo-se às incertezas geradas após a liminar do STF. Segundo o especialista, não está claro se a decisão aumenta o diminui as chances de um impeachment da presidente.

O giro financeiro foi elevado, de R$ 7,993 bilhões. Operadores relataram que, após uma sequência de elevados aportes em ações brasileiras, os estrangeiros viraram a mão hoje e sacaram cerca de R$ 300 milhões. O dado oficial será conhecido na quinta-feira. Segundo a BM&FBovespa, os estrangeiros aplicaram R$ 2,3 bilhões em ações brasileiras neste mês até o dia 8.

Entre as principais ações do Ibovespa, os bancos registraram perdas expressivas: Itaú PN (-5,34%), Bradesco PN (-5,46%), Banco do Brasil ON (-8,31%) e Santander Unit (-8,90%). O Credit Suisse rebaixou a recomendação para os grandes bancos brasileiros de neutro para underperform (abaixo da média do mercado).

Petrobras PN (-7,61%) e Vale PNA (-7,87%) devolveram ganhos recentes, refletindo o mau humor doméstico e acompanhando a correção nos preços das commodities, após números fracos da balança comercial chinesa divulgados hoje. Os papéis também se ajustaram à forte queda de ontem dos ADRs.

Nos extremos do Ibovespa terminaram as ações de empresas mais sensíveis ao comportamento do dólar, que subiu mais de 3% hoje. Na ponta negativa ficaram as endividadas em moeda estrangeira e também ações que subiram muito nos últimos pregões: Gol PN (-13,40%), CSN ON (-12,57%) e Usiminas PNA (-11,52%). Entre as altas, os destaques foram as exportadoras, que ganham com a disparada da moeda americana: Suzano PNA (9,21%) e Fibria ON (4,19%). Oi ON (7,37%) também subiu forte, no primeiro dia de negociação do papel dentro da carteira teórica do Ibovespa, após a conversão voluntária dos papéis PN em ON da operadora de telefonia.