Dólar sente piora do cenário político e fiscal e sobe 3,29% na semana
O aumento da preocupação com o risco político e com a capacidade do governo em aprovar as medidas fiscais voltou a pesar nos mercados, levando o dólar a zerar a queda verificada pela manhã e fechar em alta frente ao real.
O dólar comercial subiu 2,04% encerrando a R$ 3,8212. Com isso, a moeda americana encerra semana em alta de 3,29% e acumula queda de 1,03% no mês. No ano, o dólar sobe 43,67%.
No mercado futuro, o contrato para dezembro avançava 2,09% para R$ 3,827.
Uma série de notícias negativas no âmbito político e fiscal interromperam o movimento de recuperação do real e trazem à tona o risco de um novo rebaixamento do rating soberano brasileiro.
A recente prisão do líder do governo no Senado, Delcídio Amaral (PT-MS), paralisou as votações no Congresso, inclusive da revisão da meta de superávit fiscal para este ano, que ainda está em 1,1% do PIB, e que teria que ser votada até 30 de novembro. Se a meta não for revisada, o governo terá que cortar as despesas para cumprir a determinação do Tribunal de Contas da União (TCU) para evitar a não aprovação das contas do governo pelo segundo ano consecutivo.
Notícias veiculadas hoje apontam que a presidente deve baixar um decreto determinando a suspensão de gastos do governo a partir de terça-feira, sendo mantido apenas os serviços básicos. 2015. A votação da revisão da meta de superávit de 2015 está prevista para próxima terça-feira, e no caso de ser aprovada, o contingenciamento pode ser revogado.
Além disso, cresce a preocupação com o avanço das investigações da operação Lava-Jato. Hoje o presidente da Andrade Gutierrez, Otávio marques de Azevedo, preso desde 19 de junho, está fechando um acordo de colaboração com a Procuradoria-Geral da República (PGR) e disse que vai apontar o nome de pelo menos dois senadores que teriam recebido propina da Petrobras.
Investidores ainda estão preocupados com a visita da Standard & Poor's ao país na semana. A agência de classificação de risco rebaixou a nota soberana do Brasil para grau especulativo em setembro e mantém a perspectiva negativa.
O aumento da preocupação com os cenários político e fiscal pode interromper o fluxo de investimentos estrangeiros verificado em novembro e que sustentou a recuperação recente do real. "Os investimentos estrangeiros para papéis brasileiros estavam relacionados ao movimento comportado da curva de juros americana e à recente percepção de que o cenário político doméstico tinha se acalmado. No entanto, as incertezas no lado fiscal voltaram a preocupar e podem mudar a percepção dos investidores", afirma Luis Costa, diretor de mercados emergentes e estratégia do Citi em Londres.
Por enquanto, o Banco Central segue apenas com o leilão de rolagem do lote de US$ 10,9 bilhões em contratos de swap cambial que vence em dezembro. A autoridade monetária renovou hoje mais 12.120 contratos, cuja operação somou US$ 587,2 milhões.
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