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Dólar supera R$ 3,45 e juros longos sobem com riscos políticos

06/12/2016 09h41

O dólar e os juros longos têm firme alta nesta terça-feira, com o real liderando as perdas entre as principais divisas, sob o peso do aumento da instabilidade política que pode ameaçar a implementação de reformas econômicas.

Às 9h31, o dólar comercial subia 0,67%, a R$ 3,4529, depois de alcançar R$ 3,4659 na máxima por ora. O dólar para janeiro avançava 0,84%, a R$ 3,4780.

Nos juros, o DI janeiro de 2021 ia a 12,100% ao ano, contra 12,020% no ajuste da véspera.

A piora do clima político ocorre depois do afastamento de Renan Calheiros (PMDB-AL) da presidência do Senado, que aumenta riscos em torno da proposta para limitar os gastos públicos, que já tramita no Senado, e da reforma da Previdência, que apenas começou a ser apresentada pelo governo.

A decisão de afastar Renan veio do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Marco Aurélio Mello, tem caráter liminar e ainda deve ser analisada pela Corte, mas sem data definida. Renan continua senador, mas já está afastado do cargo.

O afastamento de Renan é o mais recente episódio de uma série de eventos negativos para o governo nas últimas semanas, com saída de ministros de Temer, embate entre Legislativo e Judiciário e manifestações populares. Os protestos de domingo pouparam Temer, mas o risco é que o governo também passe a ser alvo de mais críticas conforme se inicia a tramitação da reforma da Previdência, que contém medidas tidas como impopulares.

Enquanto os juros longos sobem, as taxas curtas caem, influenciadas pela ata do Comitê de Política Monetária (Copom), que referendou expectativa de aceleração da queda da Selic no encontro do colegiado do Banco Central (BC) em janeiro. No documento, o Copom volta a citar o cenário externo como "especialmente incerto", mas disse que os efeitos de alta sobre a inflação podem ser mitigados por movimentos favoráveis nas commodities, o que beneficiaria os termos de troca do Brasil.

Além disso, o Copom diz que condições financeiras externas mais apertadas adicionariam um componente desinflacionário. Não há, portanto, relação direta entre o cenário externo e a condução da política monetária", diz o colegiado do BC.

A referência ao cenário externo no comunicado da semana passada foi interpretada pelo mercado como o principal motivo a desestimular um corte maior de juros já no mês passado.

Chama atenção na ata do Copom a informação de que os membros do Copom discutiram um corte de 0,50 ponto percentual, o que é visto como uma indicação de que o BC já vê motivos para intensificação do alívio monetário.

O DI janeiro de 2018 - que reflete apostas para os movimentos da política monetária de hoje até o fim de 2017 - caía a 11,960%, contra 12,030% no ajuste anterior.