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Jucá compara imprensa a perseguição aos judeus pelos nazistas

20/02/2017 18h25

Líder do governo no Congresso Nacional e presidente do PMDB, Romero Jucá (RR) foi à tribuna do Senado e fez um longo discurso, de quase uma hora, no qual atacou a atuação da imprensa brasileira, a quem comparou com carrascos que promoveram a caça às bruxas, as mortes nas guilhotinas da Revolução Francesa e a perseguição aos judeus pelos nazistas.


A fala se deu ao se referir ao episódio, na semana passada, em que o senador apresentou e teve de horas depois retirar de tramitação uma PEC que blindava presidentes do Legislativo de investigações durante o mandato.


"Está parecendo que estamos vivendo o período da inquisição, ou a Revolução Francesa. Estão querendo pregar em todos nós a cruz de Israel no peito, como os nazistas pregaram nos judeus que viviam na Alemanha. No passado, a turba fazia linchamentos, hoje quem tenta fazer é a imprensa e setores da sociedade", atacou. "A diferença é que a turba que apontava agora é outra. Quem aponta a guilhotina é a imprensa. Apontam e partem para o estraçalhamento", continuou. Ele citou nominalmente colunistas de grandes jornais que criticaram sua iniciativa.


Jucá garantiu que apresentou a proposta sem ouvir o governo nem os presidentes da Câmara, do Senado ou o aliado Renan Calheiros. E que sua pretensão era reafirmar a independência entre os poderes. "Quando aconteceu o caso Renan Calheiros [em que um ministro do STF pediu por liminar o afastamento do ex-presidente] pensei: O poder congressual pode ser quebrado na sua coluna vertebral, colocado de cócoras? Esta é a estabilidade para o legislativo que queremos que haja no Brasil?", justificou.


A retirada de pauta disse, ocorreu após pedido expresso do presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE) por conta da ação da imprensa. "Começaram a pressionar, membros da imprensa, os senadores que assinaram. Estamos agora sofrendo patrulha de projetos. Para atender Eunício e para não expor senadores que assinaram, retirei a PEC".


O senador também aproveitou para defender a manutenção do foro privilegiado a políticos. Ele avaliou que o mecanismo beneficia a condenação de criminosos, lembrando o caso de Hildebrando Pascoal, ex-deputado condenado por liderar um grupo de extermínio no Acre e integrar esquema de crime organizado, e que foi para o regime semiaberto hoje. "Hidelbrando gostava de serrar gente lá no Acre. Pense em uma serraria. Inventou de virar deputado, foi pego".


Investigado pela Lava-Jato, Jucá disse que "clama" para ser investigado e ter as acusações contra si julgadas rapidamente. "Eu clamo por ser investigado. Façam um mutirão Romero Jucá".


Apesar das muitas críticas recebidas, o senador garante que continuará a pautar questões polêmicas. Ele é autor de projeto para acabar com o sigilo de delações que sejam homologadas. "Jucá é sinônimo de uma madeira que não quebra e não se enverga. Eu não vou morrer de véspera. Eu não me entrego. Sei o que fiz e o que vou fazer. Vou continuar aqui agindo como sempre agi. Não vou me acovardar. Medo é uma palavra que eu não conheço. Se pensam que vão me atemorizar, percam seu tempo", avisou.