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Para ter sucesso em empreendedorismo, preparo vale mais do que paixão

José Dornelas

Colunista do UOL

20/07/2015 06h00

Quase todo empreendedor experiente, ao ser indagado por candidatos a empreendedor, não hesita em responder que o brilho nos olhos é o que faz a diferença e separa os que conseguem passar para o grupo dos bem-sucedidos dos que sucumbem após criarem suas empresas.

No entanto, paixão em excesso (se é que a paixão pode ser mensurada!) parece ser até um ponto negativo, quando os potenciais empreendedores não se encontram devidamente preparados para o desafio que se apresenta pela frente.

Isso foi constatado em uma série de estudos realizados por Utpal M. Dholakia, Michal Herzenstein, e Scott Sonenshein, como relatado em artigo recente da Harvard Business Review.

Em uma pesquisa realizada com centenas de fundadores de empresas, eles concluíram que a paixão não tem nada a ver com os resultados de longo prazo do negócio.

O que importa, objetivamente, é a preparação, ou seja, se os fundadores sentem-se totalmente certos do que farão, se conhecem profundamente o mercado-alvo, e se criaram planos para superar obstáculos e explorar as contingências.

No estudo, os pesquisadores analisaram vários projetos inscritos no maior concurso de empreendedorismo universitário nos Estados Unidos (realizada na Universidade Rice), em áreas que vão desde a biotecnologia e ciências da vida a produtos de consumo e varejo.

No início, os empreendedores citaram a paixão como um fator essencial para o sucesso, mas os pesquisadores identificaram que, após três anos, o que realmente contou para o sucesso dos negócios analisados foi o preparo da equipe empreendedora.

Mas outro estudo com novamente centenas de projetos identificou que os empreendedores mais apaixonados pela ideia tiveram três vezes mais chance de conseguir investimento em um site de angariação de recursos ou investimento anjo.

O que parece é que a paixão, de fato, ajuda o projeto decolar, mas o preparo é essencial para atingir o voo de cruzeiro e, ainda, conseguir uma autonomia que permite a empresa prosperar por anos.

Naturalmente, não se está sugerindo aos empreendedores de primeira viagem que esqueçam a paixão, tão aclamada pelos que empreendem como símbolo do segredo do sucesso, mas que a ênfase excessiva na paixão pode cegar o empreendedor e deixá-lo sem amparo para crescer.

Cabe ainda ao empreendedor iniciante buscar o equilíbrio, que será único para cada indivíduo, e montar uma equipe com perfis complementares para dar sustentação ao projeto de empresa que pretende criar.

Assim, ele/ela poderá contagiar a todos com sua visão de crescimento, sua paixão pelo que está sendo construído, e estimular, com sua liderança, cada integrante da equipe a obter o máximo de resultados a partir do conhecimento que possuem.