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O empreendedor sedutor

Colunista do UOL

10/09/2014 06h00

Independentemente de ter acesso a uma excelente ideia, a bons financiadores, a ótimos planos de negócios e até mesmo ao apoio de alguns talentos, abrir e manter funcionando uma empresa é sempre uma questão de sedução permanente.

A imagem que alguns empresários tentam passar de serem carrancudos, intragáveis e ríspidos só vem a público depois de muitos anos, muitos lucros e de a empresa já ter se consolidado.
É pura bobeira de marketing pessoal, que passa para a equipe e, depois, para o público em geral o estilo “heavy metal do senhor”.

De perto, os empresários que conseguem começar com muito pouco têm, além do conhecimento do ramo, especialização em sedução. E a adotam de maneira permanente. Em todos os contatos. Em cada negociação. Antes, durante e depois de fecharem um contrato. Até se tornarem carismáticos e serem capazes de mobilizar “mundos e fundos” para seus empreendimentos.

Mas, calma aí... Sedução sem resultados não funciona.

A sedução é apenas o início do processo de fisgar apoios, talentos, capital. Mas, sem retorno, bau-bau. Sem retorno aos investimentos de terceiros, por exemplo, o bom sedutor se torna para seus pares um “tremendo de 171”, que é a maneira popular de se referir aos estelionatários.

Seduzir com uma boa ideia inicia os entendimentos, que devem ser sustentados com propostas claras de retorno, com formalização dos apoios e da participação nos ganhos esperados, com planilhas absolutamente abertas e informação permanente dos desdobramentos do empreendimento.

Se o empreendedor sedutor combinar seu charme com sua eficiência gerencial desde o início do projeto, terá grandes chances de avançar. E, quem sabe, chegar ao ponto de ficar tão seguro do sucesso alcançado que, vaidosamente, o atribuirá a si mesmo.

Então, adotará o estilo carrancudo, ríspido, mandão. Mas aí já estará pronto para ser substituído. Ou por seus pares, ou por seus concorrentes.