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Empreendedores e investidores

Colunista do UOL

17/09/2014 06h00

Somos, sem perceber, reféns de velhos hábitos. Aparentemente, os novos empreendedores deixaram para trás o emprego. Mas, muitos, ao negociar com seus investidores, por exemplo, deixam ainda escapar os velhos vícios de empregados.

Como bons profissionais, assumem na sua visão estratégica a parte operacional da nova empresa e tentam transferir para seus investidores a responsabilidade de financiar seus custos, seu pró-labore e providenciar, inclusive, uma reserva para manter sua atual qualidade de vida.

A “cabeça de empregado” é tão presente que alguns desses novos empreendedores chegam a incluir, como determinante nos seus planos de negócios, o detalhamento dos seus gastos pessoais com aluguel, prestações e até escolas dos filhos.

Os investidores, diante desse tipo de proposta, tendem a deixar passar a oportunidade. Porque, por mais que vejam no projeto um potencial de retorno para seu capital, percebem que o empreendedor ainda não está preparado para o risco.

Talvez por serem novatos ou por serem ainda reféns da “cabeça de empregado”, estes novos empreendedores ainda não se deram conta que o que seduz um investidor, tanto quanto a possibilidade de retorno financeiro dos investimentos realizados no projeto, é a determinação do empreendedor em assumir, também, os riscos.

Porque é esse se “jogar no abismo” do novo negócio que faz com que as partes envolvidas, investidores e empreendedores, resgatem energias, criatividade e dedicação para fazer funcionar o novo projeto.

A empreitada enfrentará dificuldades, que só serão razoavelmente resolvidas com poucos conflitos quando as partes envolvidas tiverem clareza do quanto devem se empenhar para diminuir os riscos que assumiram.

Se você é um dos empreendedores ou empreendedoras que se encaixa ainda nesse perfil de “cabeça de empregado”, talvez seja conveniente repensar sua estratégia quando iniciar uma nova rodada de negociações com seus potenciais investidores, sejam eles profissionais do mercado, amigos ou parentes.

Todos vão checar se você está também correndo riscos para dar vida à nova empresa. E, a partir de sua determinação, avaliarão, com novos olhos, a viabilidade do projeto no qual investirão junto com você.