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Será que seus consumidores entendem suas mensagens?

Marco Roza

Colunista do UOL

01/07/2015 06h00

No Brasil elitista do “sabe com quem você está falando”, pelo menos um quarto dos consumidores (26,1%) reagem com um “não entendi” às propagandas, jogando no lixo todo o esforço e custo das campanhas de marketing associadas aos produtos e serviços.

Isso compromete, especialmente, as tentativas de comunicação dos empreendedores de primeira viagem, que ainda não testaram na prática qual o melhor caminho para se fazerem entender e chegar aos bolsos de seus clientes.

Sua mensagem pode se perder por absoluta falta de compreensão de seu público-alvo, porque 17,8% dos brasileiros são analfabetos funcionais e outros 8,3% ainda não sabem nem ler nem escrever, de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad), publicada em 2014 pelo IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.

Ou seja, de cada dez clientes que você tenta atingir com suas campanhas, pelo menos 4 (26,1%) podem continuar indiferentes às suas reais intenções.

Se você considerar o fato de que emite mensagens ajustadas a uma elite, com códigos culturais, regionais e religiosos distantes dessa massa consumidora, corre o risco de ampliar a população que não conseguirá entender suas mensagens comerciais.

As boas intenções de suas campanhas de marketing vão então gerar gastos, baixíssimo retorno e, o pior, podem cauterizar na sua marca um distanciamento irreversível com aqueles e aquelas que, apesar de serem analfabetos funcionais e analfabetos, ainda gastam toda a renda do mês no consumo de mercadorias e serviços que você, bem intencionado, tenta lhes vender.

O que fazer?

Eis três sugestões:

  1. Faça testes permanentes de suas mensagens, antes de investir em materiais de apoio (material de ponto de venda, panfletos ou campanhas em mídias) que gerem custos para sua empresa;
  2. Tenha sempre na sua empresa ou próximo dela pessoas que estejam vinculadas ao longo de toda a vida com o seu público alvo; e preste atenção aos seus códigos culturais, religiosos e comportamentais;
  3. Evite abstrações e conceitos. Busque imagens ajustadas ao ambiente cultural, religioso e comportamental de seus clientes; e sustente suas mensagens em parábolas ou em microcontos com princípio, meio e fim.

Pode ser que dê certo. Pode ser que em vez do “não entendi”, que fecha bolsos e carteiras, as mensagens vinculadas à sua empresa, produto ou serviço sejam compreendidas por uma população, que mesmo analfabeta e analfabeta funcional, consome o suficiente para ser a salvação de seu empreendimento.